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O gráfico com a evolução das receitas e pendências do tricolor cearense nos últimos 6 anos.

A volta à Série A após 13 anos, com o clube fazendo a sua melhor campanha neste formato, com a 9ª colocação, tendo ainda o inédito título da Copa do Nordeste pelo caminho, resultou na maior receita da história do Fortaleza. Muito além da projeção do clube, que havia estimado R$ 56,7 milhões em 2019. Somando as cifras obtidas de 1º de janeiro a 31 de dezembro, o tricolor faturou R$ 120,4 milhões, num aumento de 112% sobre o orçamento, tendo superávit de R$ 3,4 mi.

E é preciso destacar que a projeção de janeiro já apontava para o recorde do clube, cuja marca ficou muito maior, dando lastro à imagem de recorrente crescimento do clube. No blog, contabilizo dados do leão do pici desde 2014. Nesses seis anos, a receita total, considerando os valores nominais, subiu 10 vezes! Analisando o novo balanço, publicado em 17/04, é possível conferir o esperado crescimento na receita de televisão, de R$ 6 mi para R$ 31 mi. No entanto, considerando só o Brasileirão, o valor foi de R$ 9 mi, bem abaixo dos concorrentes. Entre as explicações, receitas a receber, cerca de R$ 2,8 mi, o contrato diferenciado (no caso da Turner) e a interpretação contábil sobre as premiações, com o clube citando num tópico à parte. Ao longo do ano, o Fortaleza recebeu R$ 11,9 milhões em premiações nos torneios – o Bahia, por exemplo, somou esse valor às rendas dos jogos, não sendo isso uma regra.

Sobre a bilheteria, a presença massiva na arquibancada do Castelão, com média de 33 mil na Série A, gerou num reforço no caixa, com R$ 11 milhões. Foi o maior valor já registrado pelo clube neste quesito. Em campo também houve movimentação, com R$ 6,49 milhões em transferências de atletas. Considerando os direitos econômicos do atletas profissionais, o clube detém percentuais de 20 nomes, sendo 16 com 100% e 4 entre 31% e 80% – lembrando que o atacante David, adquirido por R$ 5 milhões, recorde no estado, foi contratado em 2020.

É curioso perceber que o Fortaleza faturou mais com a sua loja do que com patrocínios (15,7 mi x 7,5 mi), com a torcida tendo, outra vez, papel importante. Por sinal, o faturamento em vendas com a loja oficial aumentou em R$ 8,3 milhões, mantendo a marca própria “Leão 1918” como um projeto bem sucedido – a marca foi criada em setembro de 2016.

Gasto e dívidas
Abordando agora as despesas, naturalmente o Fortaleza também gastou muito mais. Só o futebol profissional consumiu R$ 69.397.608, ou 57,5% da receita total. O gasto só foi ampliado com o incremento de receitas. Afinal, o orçamento previa um investimento anual de R$ 32 milhões no departamento de futebol, praticamente o valor gasto num semestre. O balanço ainda explica que a diretoria executiva passou a ser remunerada a partir do ano de 2019. Embora o valor não esteja detalhado, vale pontuar, a título de curiosidade, que o gasto com pessoal subiu de R$ 3,9 mi para R$ 5,9 mi. Em relação ao passivo, o valor total é o maior desde que passei a acompanhar os números do clube, apesar de o montante de R$ 43 milhões ser um dos menores do G7 – e, lembrando, nem todo o passivo é sinônimo de dívida. De toda forma, vale a atenção sobre o aumento das obrigações trabalhistas e previdenciárias, de R$ 6,1 mi para R$ 8,1 mi – ainda mais considerando o curto prazo. Em relação aos financiamentos e parcelamentos, dados equilibrados.

Ajustes contábeis (Renda x TV)
Os dados publicados no demonstrativo anterior sobre renda e receita de tevê foram alterados neste novo demonstrativo, “em virtude de equívoco de classificação”. No caso, a renda de 2018 caiu de R$ 14 mi para R$ 9 mi, enquanto a transmissão subiu de R$ 882 mil para R$ 6,3 milhões. Como explicação, o fato de que o tricolor considerava a verba tevê como “receita de campeonato”.

Plano de contingenciamento já lançado em 2020
Embora o relatório trate de números de 2019, o documento de 28 páginas encerra com a preocupação sobre o cenário de 2020, devido à crise do Coronavírus: “A administração do clube fez uma análise financeira de fluxos de caixas futuros para um período de interrupção da realização de jogos de aproximadamente 3 meses. Contudo, existe um desconforto de possíveis impactos financeiros que possa a vir afetar a continuidade de suas operações, assim como a sua posição patrimonial e financeira, mas a Administração está fazendo os esforços necessários para minimizar estes impactos”. Para 2020, antes da pandemia, o clube havia projetado o seu maior orçamento.

Abaixo, um comparativo sobre quatro frentes importantes para a composição da receita no futebol profissional , considerando os últimos três balanços do Fortaleza – e as respectivas séries nacionais.

Direitos de transmissão na TV
2017 (C) – R$ 669.915
2018 (B) – R$ 6.366.829 (+850,3%; +5,69 mi)
2019 (A) – R$ 31.110.382 (+388,6%; +24,74 mi)

Quadro de sócios-torcedores
2017 (C) – R$ 5.770.297
2018 (B) – R$ 12.255.570 (+112,3%; +6,48 mi)
2019 (A) – R$ 18.614.682 (+51,8%; +6,35 mi)

Renda nos jogos
2017 (C) – R$ 5.134.102
2018 (B) – R$ 9.114.655 (+77,5%; +3,98 mi)
2019 (A) – R$ 11.891.514 (+30,4%; +2,77 mi)

Patrocínio/Marketing
2017 (C) – R$ 1.411.996
2018 (B) – R$ 7.693.695 (+444,9%; +6,28 mi)
2019 (A) – R$ 7.517.773 (-2,2%; -0,17 mi)

A seguir, o histórico de receitas do Fortaleza, com um salto de R$ 108 milhões entre 2014 e 2019. Em 2020, com a permanência na Série A, o leão tem a possibilidade de manter o patamar elevado.

Faturamento do clube (receita total)
2014 (C) – R$ 12.386.495
2015 (C) – R$ 19.281.315 (+55,6%; +6,89 mi)
2016 (C) – R$ 23.383.609 (+21,2%; +4,10 mi)
2017 (C) – R$ 24.456.997 (+4,5%; +1,07 mi)
2018 (B) – R$ 51.621.897 (+111,0%; +27,16 mi)
2019 (A) – R$ 120.490.995 (+133,4%; +68,86 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)
2014 (C): -1.920.459
2015 (C): -1.667.300
2016 (C): +325.844
2017 (C): -1.192.688
2018 (B): -1.503.071
2019 (A): +3.444.392

Evolução do passivo do clube (circulante + não circulante)
2014 (C) – R$ 16.396.649
2015 (C) – R$ 22.303.258 (+36,0%; +5,90 mi)
2016 (C) – R$ 22.360.449 (+0,2%; +0,05 mi)
2017 (C) – R$ 28.112.178 (+25,7%; +5,75 mi)
2018 (B) – R$ 32.335.928 (+15,0%; +4,22 mi)
2019 (A) – R$ 43.485.850 (+34,4%; +11,14 mi)

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