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As receitas dos clubes caíram de R$ 6,1 bi para R$ 4,7 bi. Acima, a distribuição das receitas.

A 12ª edição do relatório “Análise Econômico-Financeira dos Clubes do Futebol Brasileiro” conta com 25 clubes, incluindo três nordestinos: Bahia, Ceará e Fortaleza. Nesta publicação, então, trago os principais pontos do trio de maneira mais detalhada, tanto nos textos quanto nos gráficos com dados colhidos nos demonstrativos.

A equipe do economista César Grafietti analisou os principais financeiros referentes a 2020, traçando cenários do mercado da bola, tanto para a evolução das receitas quanto sobre as dificuldades para o pagamento de dívidas. Especificamente sobre “2020”, a dupla cearense recebeu o carimbo de “positivo” sobre a administração financeira, enquanto o Bahia, que registrou um enorme déficit, aparece como “regular”. Em relação à projeção sobre 2021″, o Fortaleza é o único com uma visão positiva, sem ressalvas.

Sport e Vitória, costumeiramente presentes no estudo anual do banco Itaú BBA, divulgaram os respectivos balanços fora do prazo elaborado pela equipe responsável, de 15 dias já após o término do prazo previsto pela Lei Pelé, que foi em 30 de abril de 2021. No caso, os dois rubro-negros só apresentaram os demonstrativos em 22/05 e 28/05, respectivamente.

Para conferir a íntegra do relatório de 312 páginas, clique aqui.

Leia mais sobre o assunto
Grafietti: “O futebol do Ceará foi muito feliz no processo de reconstrução”

O ranking de receitas dos clubes do Brasil em 2020, com 17 acima de R$ 100 milhões

O ranking de dívidas dos clubes do Brasil em 2020, com 15 acima de R$ 200 milhões

BAHIA (da página 131 a 138)
Custo do futebol em 2020: R$ 91,0 milhões (69,6% do total, de R$ 130,6 mi)

O que deu certo
– Ajuste na posição de custos e despesas
– Aumento na receita com sócios

O que não funcionou
– Desempenho esportivo
– Operar no limite da possibilidade, com altos investimentos no início da temporada

Avaliação Geral
2020: Regular
2021: Expectativa neutra (receitas estáveis, com atenção à venda de atletas e ao controle de investimentos, custos e despesas)

“Dos males o menor”
“Apesar da deterioração na condição geral do clube, o saldo final da temporada foi melhor do que aquele que estava se desenhando ao longo do ano. Muito dos problemas está associado à pandemia, com perda de receitas de bilheteria e publicidade, além de ter vendido menos atletas e postergado o dinheiro da TV. Mas, positivamente, o clube aumentou suas receitas com sócios e ainda foi capaz de ajustar minimamente seus gastos. Considerando o cenário da temporada, o clube até manteve a alavancagem, o que pode ser considerado positivo para a condição da temporada. Ainda mais se lembrarmos que por várias rodadas o clube esteve ameaçado de ser mais um campeão brasileiro a disputar a Série B em 2021. Há muitas lições que precisam ficar dessa temporada, especialmente na gestão esportiva. Mas o saldo final, considerando o uso de todas as ferramentas disponíveis, não pode ser considerado ruim. Entretanto, seria melhor se não tivesse esticado a corda nos gastos em 2019 e no início de 2020. Para clubes de orçamento estreito o segredo não é ir ao limite, mas buscar eficiência na escassez.”

CEARÁ (da página 148 a 156)
Custo do futebol em 2020: R$ 46 milhões (49,0% do total, de R$ 93,7 mi)

O que deu certo
– Controle de custos
– Desempenho esportivo

O que não funcionou
– N/A (não aplicável)

Avaliação Geral
2020: Positivo
2021: Expectativa neutra/positiva (receitas estáveis, manutenção de custos e despesas e redução de investimentos).

“Não é por acaso”
“Há algum tempo o Ceará se mostra um clube organizado, ciente de suas possiblidades. Pouco endividado, com controle de custos e despesas, investimentos moderados, o clube atravessou a primeira temporada sob pandemia de maneira exemplar. Manteve o equilíbrio, pode se valer de financiamentos sem estrangular a gestão, e ainda conseguiu melhorar seu desempenho esportivo. Não é de hoje, e nem é por acaso. Clubes que sabem suas possiblidades, atuam dentro delas, e buscam crescer e melhor desempenho a partir da eficiência, mais que do gasto desenfreado, são recompensados com resiliência. O Ceará usou das ferramentas disponíveis e montou uma máquina azeitada. E o clube continua buscando a evolução, mas sem perder de vista que o segredo do sucesso é ter as contas em dia.”

FORTALEZA (da página 211 a 219)
Custo do futebol em 2020: R$ 54,7 milhões (64,3% do total, de R$ 85 mi)

O que deu certo
– Controle de custos e despesas
– Endividamento comportado

O que não funcionou
– Desempenho esportivo

Avaliação Geral
2020: Positiva
2021: Expectativa positiva (menor pressão de caixa, necessidade de redução de custos e despesas, retração de investimentos)

“A vantagem de saber onde pode chegar”
“O Fortaleza é outro clube que tem a capacidade de entender suas limitações financeiras, o que ajuda na gestão eficiente do caixa. Assim, o clube enfrentou a pandemia de forma segura. Sem dívidas relevantes, operando dentro do que as receitas permitem, o Fortaleza fechou 2020 com uma condição acima da média dos clubes brasileiros. Estar em equilíbrio permitiu acessos a linhas bancárias, financiamentos de investimentos e captações que tornaram o momento menos dramático. Dessa maneira, assim que as atividades retomarem alguma normalidade, com as receitas sendo recuperadas, o clube sai na frente, com menos ajustes a serem feitos. Claro que não podemos esquecer do desempenho esportivo no Brasileiro, que ficou aquém das expectativas, com riscos de rebaixamento. Mas é parte do risco quando não se tenta o sucesso a qualquer custo.”


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