A cédula disponibilizada aos sócios tricolores na histórica AGE. Concorda com o resultado?
Num domingo movimentado no Arruda, com o Santa Cruz obtendo a primeira vitória na Série D, o clube também abrigou a Assembleia Geral Extraordinária, cuja votação acabou apenas no intervalo do jogo pelo BR. E o resultado da votação, com a análise de três perguntas, acabou sendo uma grande vitória política de Antônio Luiz Neto, reconduzido à presidência executiva em março após a renúncia da direção anterior.
Com perguntas objetivas, com “sim” ou “não”, os sócios tricolores votaram no “sim” nas três questões, todas costuradas e apoiadas pelo atual mandatário coral. Começando pela ampliação do Conselho Deliberativo, com 300 membros a mais, além de 50 suplentes, embora esta ampliação só valha a partir da próxima gestão – prevista para o triênio 2024/2026. Lá no Conselho, ALN tem, historicamente, a sua grande corrente de apoio, e a ideia da ampliação não parece ser acaso do experiente dirigente.
O segundo ponto foi ainda mais importante, na minha visão, pois abordou a constituição da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Santa Cruz. À parte de ser ou não a solução para a recuperação econômica do clube, a SAF agora passa a ser uma decisão exclusiva do mandatário, e não dos sócios e/ou conselheiros. É um caminho incomum em relação ao tema, considerando os outros clubes associativos brasileiros que aderiram ao recém-criado modelo da SAF, como Cruzeiro e Botafogo. Na prática, então, os sócios não votaram pela criação da SAF, mas pela possibilidade de constituição dela através de Antônio Luiz Neto, e só dele.
Decisão da SAF será centralizada
Eis o item 3 do edital, agora aprovado: “Autorizar a constituição de sociedade anônima do futebol (“SAF”), (…) cuja implementação e efetiva constituição, ficará a cargo do Executivo do Clube, que adotará todas as medidas necessárias para a constituição da SAF, de acordo com seu juízo de oportunidade e conveniência voltados a melhor formatação para atração de investimentos, em observância ao planejamento estratégico e de reestruturação do clube”. Ainda não há um “valor” sobre o Santa nem empresa interessada – ao menos publicamente.
A terceira questão versou sobre a recriação da Comissão Patrimonial, que já foi presidida pelo próprio ALN em 2015/2017 – por sinal, o cartola também já comandou o Conselho Deliberativo, em 1999/2000. Portanto, o resultado geral da AGE contrasta bastante com os movimentos dos torcedores nas redes sociais durante as últimas semanas, rechaçando as propostas – ao menos foi a impressão que eu tive. E aí cabe uma explicação óbvia.
Poucos sócios e decisão enorme
Embora seja um clube com 1,26 milhão de torcedores, segundo o Datafolha, e que mobiliza 20 mil pessoas numa estreia da 4ª divisão, o quadro social do Santa Cruz é o menor da capital, muito distante do potencial. Segundo o site da campanha DNA Coral, hoje são 4.780 sócios. Já os rivais Náutico e Sport têm mais de 20 mil, com dados aquém do objetivo – imagine o Santa.
Em relação aos aptos à votação na Avenida Beberibe, foram apenas 2.695. E a participação foi ainda menor, com menos de 800 votos válidos, ou 1/3 do quadro possível. Indo além, apenas 0,06% da torcida. Ou seja, o destino do clube foi votado numa AGE com participação ínfima, em mais uma consequência do afastamento dos sócios. A maioria presente seguiu ALN.
Confira a íntegra dos itens presentes no edital votado na AGE clicando aqui.
1) Item 1 do edital
Aprovar a ampliação dos membros do Conselho Deliberativo acrescendo mais 300 (trezentos) membros e 50 suplentes
Votos válidos: 771
Sim – 521 votos (67,5%)
Não – 250 votos (32,4%)
2) Item 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 do edital
Os itens supracitados para a constituição da SAF (Sociedade Anônima de Futebol)
Votos válidos: 768
Sim – 516 votos (67,1%)
Não – 252 votos (32,8%)
3) Item 9 do edital
Aprovar a criação da Comissão Patrimonial com a alteração do artigo 71 e parágrafos
Votos válidos: 765
Sim – 508 votos (66,4%)
Não – 257 votos (33,5%)