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ABC x Náutico de portões fechados

O STJD determinou o jogo no Frasqueirão sem a presença do público. Foto: FPF/divulgação.

Há algum tempo, determinações estaduais através das secretarias de segurança pública vem impondo sanções à presença da torcida visitante. No âmbito interno, com clubes do mesmo estado, ainda há um mínimo de lógica, mas por vezes a medida se estende a jogos contra times de outros estados, em competições como Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Em 2023, o Governo de Pernambuco impôs a medida de torcida única em caráter experimental. Acabou sendo forçado a ceder em dois jogos, CRB x Náutico e Sport x Bahia, após as direções visitantes recorrerem ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para assegurar o direito à sua torcida – algo básico no futebol.

Após a segunda vez, no clássico nordestino na Ilha do Retiro, as autoridades de PE editaram a medida, restringindo o veto “apenas” aos duelos entre Náutico, Santa Cruz e Sport. Agora, nas quartas de final do Nordestão, em 26 de março, o STJD foi novamente acionado, após a decisão do Governo do Rio Grande do Norte em liberar apenas a torcida do ABC no jogo contra o alvirrubro do Recife. Isso porque o estado sofreu nas últimas semanas com inúmeros episódios de violência provocados pelo crime organizado, necessitando até da ajuda da Força Nacional. O ABC já havia jogado de portões fechados na última rodada da fase de grupos e fez um apelo para ter a sua torcida no jogo seguinte, já decisivo. Porém, a liberação de apenas uma torcida feriu o princípio lógico sobre a segurança.

No caso, ou o poder público dá conta de duas torcidas ou nenhuma tem acesso. Voltando a Sport x Bahia, a posição das autoridades locais quase fez o jogo ser em Aracaju! Afinal, se não havia efetivo suficiente, que fosse para outro local. Naquela queda-braço, o STJD “trucou” e venceu, com o recuo da Polícia Militar de PE, que instantaneamente se viu capaz de garantir a segurança. Foi uma mudança que claramente veio de cima, tamanho o dano político que aquilo geraria. E agora irá gerar no governo potiguar, apesar de o ABC ter concordado logo em ter a torcida do timbu. Nem sempre foi assim. Na 2ª rodada da Lampions, em 4 de fevereiro, a torcida do Fortaleza não teve acesso ao Frasqueirão, jogo no qual o alvinegro de Natal venceu por 2 x 0. Daí, a aplicação da primeira frase deste texto.

Com ABC x Náutico sem público, numa decisão definitiva poucas horas antes de a bola rolar, o tribunal desportivo expõe a visão atual, já sem paciência para tantas barreiras criadas pelos estados, com ou sem razão. Essa jurisprudência é importante para padronizar as condições esportivas. Ela é suficiente para “obrigar” um governo estadual a elaborar um quadro de segurança para duas torcidas? Não é. Nem é esse o objetivo. O despacho do STJD apenas reforça a lógica do futebol profissional, sobretudo em clubes de estados diferentes: futebol se faz com a presença das duas torcidas envolvidas. Portanto, cabe ao estado oferecer essa condição. E as consequências neste ano, em caso de negativa, estão sendo efetivadas. Com Sport x Bahia a solução veio por triz. Com ABC x Náutico já não deu tempo…

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A decisão final foi comunicada às 12h43, com o jogo marcado para começar às 15h30.


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