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Bahia e Ceará no Brasileiro Feminino A1

A festa das jogadoras após o acesso no campo. Fotos: Felipe Oliveira/Bahia e Stephan Eilert/Ceará.

O Campeonato Brasileiro Feminino chegou a dez edições seguidas em 2022, justamente numa temporada marcada pela primeira ausência de times do Nordeste. Foram oito anos da presença maciça em 2014, com 7 dos 20 representantes, ou 35%, à dura lacuna na 1ª divisão. Felizmente, o hiato durou apenas um ano, com a volta em 2023. E em dose dupla, pois Bahia e Ceará avançaram à semifinal da 2ª divisão e garantiram o acesso, com a volta do tricolor, que havia sido o último nome da região na Série A1, e com a estreoa do alvinegro, sendo o 11º clube nordestino a participar. Por pouco não foram três acessos, mas as mulheres do Fortaleza acabaram eliminadas nas quartas de final da A2 pelo Real Ariquemes, de Rondônia.

O afunilamento de participações está diretamente atrelado ao recente investimento dos principais clubes do Brasil, como Flamengo, Corinthians, Palmeiras e São Paulo, além da criação de divisões no BR, com a A2 em vigor desde 2017 e a A3 implantada neste ano. Assim, é preciso ter mais organização, mais calendário e, claro, mais dinheiro, tirando o caráter amador de outrora. E neste ponto, para mostrar a dificuldade, basta citar as cifras de fato.

Maior investimento foi de R$ 100 mil/mês

Observando os orçamentos publicados pelos clubes em 2022, o maior aporte do NE para o futebol feminino foi o do Ceará, com R$ 1.298.765, incluindo atletas, comissão técnica, coordenação e supervisão. Isso corresponde a 1,57% do custo com pessoal no clube no ano, na casa de R$ 82,3 milhões, contando com futebol profissional, base, administrativo etc.

No Bahia, a receita absoluta caiu bastante devido ao rebaixamento para a Série B no futebol masculino. Assim, projetou R$ 974 mil para o time feminino. Já o Fortaleza orçou R$ 660 mil, sendo R$ 480 mil em salários, sendo o único a destrinchar a remuneração. E aqui citei apenas os três clubes que foram mais longe na categoria no ano, pois outros três participaram da A2, Botafogo (PB), Cefama (MA) e UDA (AL), de potencial econômico bem menor. Por sinal, a próxima segundona nacional terá 5 times do NE, pois o Sport subiu na A3.

A busca pelo 1º título nacional do NE

Após a comemoração das tricolores no dia 12, na Fonte Nova, e das alvinegras no dia 13, na Cidade Vozão, a disputa continua na busca pelo 1º título nacional para a região. Até hoje foram três vices na extinta Copa do Brasil, com Acadêmica Vitória (2011 e 2013) e Sport (2008), e um na própria 2ª divisão do Brasileiro, com o Vitória (2018). Curiosamente, o leão baiano perdeu a taça para o Minas Brasília, que agora foi eliminado pelo Bahia. Na semifinal da A2, o Baêa pegará o Athletico-PR, enquanto o Ceará, que venceu o JC do Amazonas lá e lô, pegará o algoz do arquirrival, o Real Ariquemes, com jogos ainda em agosto, nos dias 20 e 27. No próximo ano, na elite, Baêa e Vozão terão um campeonato dificílimo, com o rebaixamento de 4 dos 16 times, necessitando, desde já, de uma revisão sobre a receita destinada ao futebol feminino.

Nº de participações na 1ª divisão do Brasileiro Feminino de 2013 a 2023 (e a última vez)
1º) 7 vezes – São Francisco-BA (2019) e Vitória-PE (2019)
3º) 4 vezes – Caucaia-CE (2016), Viana-MA (2016), Sport-PE (2019) e Vitória-BA (2020)
7º) 3 vezes – Tiradentes-PI (2016) e Bahia-BA (2023)
9º) 2 vezes – Botafogo-PB (2015)
10º) 1 vez – Náutico-PE (2014) e Ceará-CE (2023)

Com a participação dupla no próximo ano, o Nordeste chegará a 40 campanhas no Brasileiro A1, que antes era definido por ranking e que desde 2017 atende apenas ao critério divisional, com acesso/descenso. Neste sistema, foram 7 permanências em 13 participações – abaixo, o asterisco significa o rebaixamento. Até hoje, a melhor campanha pertence ao Tiradentes do Piauí, que chegou à semifinal em 2015, tendo 7 vitórias, 3 empates e 2 derrotas.

2013 (6 times de 20) – Vitória-PE (5º), São Francisco-BA (6º), Tiradentes-PI (7º), Caucaia-CE (8º), Botafogo-PB (15º) e Viana-MA (19º)

2014 (7 times de 20) – Vitória-PE (7º), Caucaia-CE (8º), São Francisco-BA (12º), Bahia-BA (13º), Viana-MA (14º), Náutico-PE (17º) e Sport-PE (19º)

2015 (6 times de 20) – Tiradentes-PI (4º), Botafogo-PB (8º), São Francisco-BA (12º), Vitória-PE (14º), Caucaia-CE (15º) e Viana-MA (18º)

2016 (6 times de 20) – São Francisco-BA (7º), Vitória-PE (10º), Caucaia-CE (11º), Viana-MA (13º), Tiradentes-PI (14º) e Vitória-BA (17º)

2017 (4 times de 16) – Sport-PE (9º), Vitória-PE (13º), São Francisco-BA (14º) e Vitória-BA (16º)*

2018 (3 times de 16) – Sport-PE (10º), São Francisco-BA (13º) e Vitória-PE (14º)

2019 (4 times de 16) – Vitória-BA (9º), Vitória-PE (13º)*, São Francisco-BA (15º)* e Sport-PE (16º)*

2020 (1 time de 16) – Vitória-BA (16º)*

2021 (1 time de 16) – Bahia-BA (16º)*

2022 (0 time de 16) – Nenhum representante

2023 (2 times de 16) – Bahia-BA e Ceará-CE, a disputar

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