As novas cadeiras centrais da Ilha do Retiro, ainda em reforma. Imagem: Sport/Twitter.
O setor da Ilha do Retiro conhecido como “cadeira central” foi ampliado em 1984, dobrando de tamanho. Na ocasião, foram instaladas mais de 5 mil cadeiras metálicas. Já se vão 36 anos e os assentos seguem os mesmos, com uma ou outra reforma paliativa. Como agora, embora numa maior intensidade. O Sport vem reformando as cadeiras, corroídas pelo tempo, pela falta de manutenção de administrações anteriores e, em alguns casos, pelo mau uso do público.
São quase quatro décadas considerando a área mais nobre do estádio, o que nos leva direto ao questionamento sobre a estrutura oferecida pelo Sport nos demais setores, historicamente deficientes em tudo, incluindo acessos, banheiros e bares – frisando que o clube rubro-negro também vem sem mexendo nas arquibancadas (central e laterais). A bronca é que esse cenário se aplica tanto à Ilha quanto ao Arruda, a casa do Santa – numa proporção até maior.
Também valia nos Aflitos, mas o estádio do Náutico passou por uma obra de requalificação recente, sendo reaberto em dezembro de 2018. Na ocasião, até dobrou o setor de cadeiras, mas a área ainda não representa sequer 1/5 da capacidade total. E aí está o ponto central desta análise. Somando os três palcos, são 22.417 cadeiras, ou 20,0% dos 111.995 assentos.
Nº de cadeiras disponíveis
12.937 – Ilha do Retiro*
5.950 – Arruda
3.530 – Aflitos
* Somando as cadeiras centrais (5.311), as laterais (4.126) e as sociais (3.500)
Percentual de cadeiras sobre a capacidade máxima
39,2% – Ilha do Retiro
18,6% – Aflitos
9,9% – Arruda
Será que ainda veremos os três estádios particulares do Recife, em seus formatos atuais, com cadeiras em todos os setores? O que um dia pareceu utopia hoje parece uma meta básica defasada a cada dia. Desde 2014, quando o país sediou a Copa do Mundo, a média de público do trio de ferro não passou de 12,5 mil pessoas – marca alcançada, curiosamente, em 2014.
Enquanto isso, centros de porte semelhante na região decolaram no quesito, com Fortaleza e Ceará enchendo no Castelão e o Bahia revivendo a Fonte Nova – ainda agarrado ao Barradão, também defasado, o Vitória vive situação semelhante aos grandes pernambucanos. Enquanto alguns estádios – já modernizados – começam a abrir alguns setores sem cadeiras visando um público específico, que gosta de torcer em pé, como exceção, aqui é o contrário, com a possibilidade de sentar numa cadeira, e não no cimento, sendo algo exorbitante.
No futebol local, o empreendimento com a melhor estrutura, a Arena Pernambuco, com 45 mil cadeiras, segue distante (literalmente) devido ao sistema de mobilidade irregular no local. A equação é difícil, mas a solução fica ainda mais complicada ao não entender a comodidade básica atual num jogo para o público geral. Não estamos mais em 1984 (ainda não).
Média de público do trio de ferro (como mandante*)
2014 – 12.598 pessoas (96 jogos)
2015 – 12.123 pessoas (90 jogos)
2016 – 11.180 pessoas (96 jogos)
2017 – 9.110 pessoas (100 jogos)
2018 – 10.315 pessoas (69 jogos)
2019 – 10.558 pessoas (73 jogos)
* Jogos de Náutico, Santa Cruz e Sport
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