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A evolução das receitas e das pendências do vozão nos últimos 8 anos. Texto atualizado em 29/04.

Pelo 6º ano seguido, o Ceará terminou com saldo positivo na relação entre receitas e despesas. Uma sequência tão duradoura assim é algo bem raro no futebol brasileiro, ainda mais em clubes com patamar financeiro deste porte e com a difícil temporada vivida em 2020, com o país sob a pandemia da Covid-19.

O saldo positivo de R$ 377 mil ocorreu mesmo com os portões fechados no Castelão a partir de março. De R$ 13 milhões em bilheteria, o alvinegro apurou menos de R$ 700 mil, numa queda de 94%. Considerando que a receita bruta foi basicamente a mesma, seguindo acima de R$ 100 milhões, numa oscilação de R$ 104,8 mi para R$ 103,1 mi, nota-se que o clube avançou em outras frentes. Uma delas foi em empréstimos, com R$ 16,2 mi.

O balanço financeiro foi aprovado em 08/04, numa reunião online dos conselheiros, com o blog obtendo alguns dados para esta análise – números abaixo. À parte dos financiamentos, a negociação de atletas também teve relevância, considerando o colapso socioeconômico no país. Se a fatia da renda dos jogos na receita líquida caiu de 13% para 1%, a venda de direitos econômicos saltou de 15% para 27%. Dado construído, sobretudo, a partir de três acordos.

Em 2020 o Basel da Suíça exerceu o direito de compra sobre Arthur Cabral, com o Ceará recebendo R$ 7,4 milhões pelo centroavante – em 2018 o alvinegro já havia recebido R$ 3,5 mi ao vender parte dos direitos ao Palmeiras. O clube também faturou R$ 6,25 mi com a venda do ponta Artur ao Red Bull Bragantino, além de R$ 1,2 mi com a transferência do goleiro Éverson do Santos para o Atlético-MG – o vozão tinha teve direto a 20% do negócio. Portanto, os três jogadores renderam R$ 14,85 milhões ao clube na última temporada.

Outro ponto relevante, o maior na verdade, foi a manutenção do faturamento com direitos de transmissão, somando ainda as premiações nos torneios. Ao todo, o Ceará recebeu R$ 52,7 milhões. O percentual deste segmento na receita total passou de 51,1% para 52,2%. Foi uma consequência direta, também, do desempenho do time, que conquistou a Copa do Nordeste, chegou às quartas de final da Copa do Brasil e ainda acabou a Série A em 11º lugar – a premiação acumulada passou de R$ 4 mi para R$ 14 mi, mas os direitos de TV caíram R$ 50 mi para R$ 38 mi. Lembrando que o balanço conta os dados de 1º de janeiro a 31 de dezembro. Como o Brasileirão de 2020 acabou só em 26/02 deste ano, qualquer receita (ou despesa…) obtida na disputa só entrará no próximo demonstrativo contábil.

Ainda vale o destaque para o quadro de sócio. Mesmo sem acesso aos jogos, o torcedor não só manteve um massivo volume massivo como registrou a maior receita neste segmento, passando de R$ 10 milhões pela primeira vez. Ao todo, mais de 20 mil sócios em dia.

A maior despesa da história e aumento do passivo
Enquanto a receita teve uma leve queda, a despesa teve um leve crescimento, levando em conta a ordem de grandeza. Passou de R$ 90,6 milhões em 2019 para R$ 93,2 milhões em 2020, ou 95,8% da última receita líquida do clube (de R$ 97,3 mi). Dinheiro direcionado para os salários no futebol profissional, com a folha variando entre R$ 3,0 mi e R$ 3,5 mi na temporada, além de quitações das aquisições milionárias, algo recorrente no clube, que já fez 11 compras deste porte desde 2019.

Embora não seja possível observar todas as despesas, incluindo pagamento de dívidas e investimento na própria estrutura, é preciso pontuar que o passivo alvinegro dobrou de tamanho, chegando a R$ 35 milhões. Apesar disso, o valor segue bem abaixo da realidade de outros clubes de porte semelhante, com cifras entre R$ 100 mi e R$ 200 mi – casos de Sport e Bahia. O passivo do Ceará concentra, entre outras coisas, os salários acordados com as compras milionárias, em contratos de 2 a 3 anos, por exemplo. O fluxo de caixa, contudo, indica um cenário controlado.

Abaixo, um comparativo sobre quatro frentes importantes para a composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos quatro balanços do Ceará – e as respectivas séries.

Direitos de transmissão na TV
2017 (B) – R$ 12.741.335
2018 (A) – R$ 25.050.959 (+96,6%; +12,30 mi)
2019 (A) – R$ 54.770.484 (+118,6%; +29,71 mi)
2020 (A) – R$ 52.737.740 (-3,7%; -2,03 mi)

Quadro de sócios-torcedores
2017 (B) – R$ 2.017.142
2018 (A) – R$ 7.081.923 (+251,0%; +5,06 mi)
2019 (A) – R$ 9.577.172 (+35,2%; +2,49 mi)
2020 (A) – R$ 10.104.837 (+5,5%; +0,52 mi)

Renda nos jogos
2017 (B) – R$ 8.099.987
2018 (A) – R$ 10.826.541 (+33,6%; +2,72 mi)
2019 (A) – R$ 13.204.876 (+21,9%; +2,37 mi)
2020 (A) – R$ 698.008 (-94,7%; -12,50 mi)

Patrocínio/Marketing
2017 (B) – R$ 4.390.802
2018 (A) – R$ 9.688.657 (+120,6%; + 5,29 mi)
2019 (A) – R$ 9.502.315 (-1,9%; -0,18 mi)
2020 (A) – R$ 8.047.670 (-15,3%; -1,45 mi)

A seguir, o histórico de receitas, saldos e dívidas do Ceará nos últimos anos, com salto econômico a partir da participação na 1ª divisão nacional, com o 4º ano garantido em 2021.

Faturamento anual do clube (receita total)
2013 (B) – R$ 17.112.683
2014 (B) – R$ 21.618.881 (+26,3%; +4,50 mi)
2015 (B) – R$ 29.590.400 (+36,8%; +7,97 mi)
2016 (B) – R$ 28.456.481 (-3,8%; -1,13 mi)
2017 (B) – R$ 31.901.433 (+12,1%; +3,44 mi)
2018 (A) – R$ 64.787.133 (+103,0%; +32,88 mi)
2019 (A) – R$ 104.866.088 (+61,8%; +40,07 mi)
2020 (A) – R$ 103.163.458 (-1,6%; -1,70 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)*
2013 (B): -680.349
2014 (B): -442.872
2015 (B): +738.102
2016 (B): +500.334
2017 (B): +3.193.659
2018 (A): +3.013.201
2019 (A): +5.768.766
2020 (A): +377.762
* O saldo da subtração da receita líquida pela despesa anual

Evolução do passivo acumulado do clube (circulante + não circulante)
2013 (B) – R$ 11.655.430
2014 (B) – R$ 12.250.718 (+5,1%; + 0,59 mi)
2015 (B) – R$ 10.851.789 (-11,4%; -1,39 mi)
2016 (B) – R$ 12.689.282 (+16,9%; +1,83 mi)
2017 (B) – R$ 10.145.773 (-20,0%; -2,54 mi)
2018 (A) – R$ 13.011.519 (+28,2%; +2,86 mi)
2019 (A) – R$ 16.803.756 (+29,1%; +3,79 mi)
2020 (A) – R$ 35.263.673 (+109,8%; +18,45 mi)

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