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O trecho do documento oficial com a assinatura de três nordestinos: Bahia, Ceará e Fortaleza.

Com três páginas, um documento com a assinatura dos presidentes de 19 clubes da Série A de 2021 foi entregue à direção da CBF, em 15 de junho. O texto, com quatro tópicos, requer inicialmente a mudança na eleição da CBF, cujo formato é extremamente restritivo, tanto na inscrição das chapas, com apoio mínimo de oito federações estaduais, quanto na votação, com pesos não equivalentes – reduzindo a força dos clubes, basicamente “reféns” do processo. Este tema toma três dos quatro tópicos. O último tópico, no entanto, traz uma mudança ainda mais incisiva.

Trata-se de um comunicado sobre a criação de uma liga nacional “com a maior brevidade possível”, com o objetivo de “organizar e desenvolver economicamente o Campeonato Brasileiro de Futebol” – a primeira notícia desta articulação datava de 2 de março de 2020, sem novidades desde então. No passado, este cenário resultou no Módulo Verde de 1987, tendo apenas metade dos clubes da primeira divisão, e em 2000, na Copa João Havelange, pois a CBF estava impedida pela justiça de organizar o torneio, devido a uma ação do Gama.

Na ocasião, foram dois modelos bem distintos, o primeiro à parte do mérito técnico e o segundo num “Frankenstein” com mais de 100 clubes participantes. Agora, partindo do texto discreto, já há a assinatura dos integrantes da Série A e o convite imediato aos integrantes da Série B – hoje, portanto, seriam 10 clubes nordestinos entre os 40 iniciais. Só que a transição, apesar da vontade urgente dos dirigentes, não deve ser assim, até pelos acordos de transmissão já firmados. No modelo atual, os contratos de tevê, por exemplo, vão até 2024. Para os próximos fica o entendimento, desde já, da retomada da negociação coletiva, via liga.

Voltando à divulgação do ofício, chamou a atenção as assinaturas grafadas. Na verdade, a falta de uma assinatura específica. Com quatro representantes no Brasileirão de 2021, o Nordeste foi representado na ata por Guilherme Bellintani (Bahia), que inclusive divulgou a íntegra, Robinson de Castro (Ceará) e Marcelo Paz (Fortaleza). Porém, faltou a rubrica de Milton Bivar.

O presidente do Sport foi o único ausente no movimento. A esta altura já ex-presidente, após a carta de renúncia (ou licença?) entregue ao Conselho Deliberativo, com apenas 67 dias num mandato de dois anos. No rodapé da primeira folha, a justificativa do grupo: “O Sport Club do Recife não pôde comparecer em razão da renúncia de seu presidente”. Como se não bastasse o caos interno no clube, político e administrativo, o efeito contrário já foi imediato, com a ausência num possível momento-chave para o futebol nacional. Nem foi questão de concordar ou não com o tema proposto, mas simplesmente pela ausência de um comando específico para tomar a decisão em nome do clube. Bastou um dia de vacância…

Tópicos da ata assinada por 19 clubes da Série A de 2021
1) Requerer a imediata alteração estatutária que consagre uma maior participação dos clubes nas decisões institucionais e na gestão da CBF, admitindo-se os clubes como filiados dessa entidade.

2) Dentro os itens desta alteração estatutária, necessariamente deve ser incluída a votação igualitária nas eleições para escolha do presidente e vice-presidente da CBF sendo certo que federações e clubes das Séries A e B terão seus votos contados de forma unitária e com o mesmo peso entre si.

3) Ainda no que se refere à alteração estatutária, inclui-se o fim dos requisitos mínimos para inscrição das chapas concorrentes à eleição desta enttidade, abolindo-se a necessidade de 8 (oito) federações e 5 (cinco) clubes, permitindo-se o lançamento de chapas que tenham o apoio expresso de, ao menos, 13 eleitores, independente de serem clubes ou federações.

4) Comunicar a decisão da criação imediata de uma “liga” de futebol no Brasil, que será fundada com a maior brevidade possível e que passará a organizar e desenvolver economicamente o Campeonato Brasileiro de Futebol. Além dos clubes signatários, os clubes da Série B serão convidados a integrar a liga.

Eis a íntegra do documento apresentado à CBF:

Fala de Bellintani, o primeiro mandatário nordestino a se manifestar:
“Hoje, 19 clubes de Série A assinaram o compromisso de criação imediata da Liga de Futebol do Brasil. A Série B já foi convidada. Pedimos também equiparação nos votos na eleição da CBF e fim dos filtros de candidatura. Há muito o que fazer, e isso começa já. Por novo calendário, mais planejamento, investimentos e receitas. Por democracia, com equilíbrio, união e trabalho. Sem conflitos, sem ressentimentos. Nós, clubes de futebol, queremos chegar mais próximo do que cada brasileiro espera de nós.”

Clubes da Série A 2021: América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Atlético-MG, Bahia, Bragantino, Ceará, Chapecoense, Corinthians, Cuiabá, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Internacional, Juventude, Palmeiras, Santos, São Paulo e Sport.

Clubes da Série B 2021: Avaí, Botafogo, Brasil-RS, Brusque, Confiança, Coritiba, CRB, Cruzeiro, CSA, Goiás, Guarani, Londrina, Náutico, Operário-PR, Ponte Preta, Remo, Sampaio Corrêa, Vasco, Vila Nova e Vitória

Abaixo, assista ao vídeo do blog sobre o tema. A gravação foi em 9 de março de 2020, após a pioneira notícia sobre a liga, dada por Lauro Jardim, de O Globo. Na época eram sete clubes, incluindo o Sport. Ceará e Fortaleza também estavam presentes. A análise segue atual?


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