Anúncio da Betnacional
Compartilhe!

Ednaldo Rodrigues, o presidente da CBF

Na CBF desde 2021, Ednaldo Rodrigues só reconheceu um título. Foto: Joilson Marconne/CBF.

Em 65 anos de disputas, os clubes do Nordeste já conquistaram 20 títulos nacionais, somando as quatro divisões do Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. Essa lista já poderia ser até maior, chegando a 25 títulos mesmo sem a realização de novos jogos. Na verdade, a disputa ocorre nos bastidores da CBF, na avaliação de competições antigas. Hoje, são duas frentes distintas envolvendo clubes da região. Porém, há vários meses sem avanço. E a tendência é que siga assim até o fim de 2024. Vamos lá. O primeiro caso ganhou corpo em 31 de agosto de 2023, quando a Federação Paraibana de Futebol formalizou o pedido do Treze à CBF, como informou o site Globo Esporte, com a publicação do protocolo via e-mail.

Neste caso, o clube de Campina Grande quer o reconhecimento do “Torneio Paralelo” de 1986 como análoga à Série B. Naquele ano, aquela competição substituiu a Taça de Prata, como era chamada a segunda divisão da década de 1980. Contudo, não houve um vencedor do Torneio Paralelo, mas quatro vencedores! Foram quatro grupos distintos, com todos os campeões subindo à primeira divisão do mesmo ano. Os outros foram o Central de Caruaru, a Internacional de Limeira (SP) e o Criciúma (SC). Em tese, todos teriam direito à chancela.

Eis o e-mail enviado pela presidente da FPF-PB, Michele Ramalho, ao mandatário da CBF.

“Preado presidente, venho através deste reiterar o pedido desta federação em favor do filiado Treze Futebol Clube, para que haja o reconhecimento justo e histórico nos termos do ofício em anexo, sem qualquer prejuízo a terceiros, conforme razões expostas no ofício encaminhado. Espero o provimento ao pleito, cordialmente”.

Parcerias de Pernambuco com Paraíba e Ceará

Aquela movimentação há 13 meses também atiçou o Central, com a FPF-PE reforçando o pleito. Vale lembrar que os pedidos dos clubes do interior da Paraíba e de Pernambuco ocorreram uma semana após a surpreendente oficialização do Torneio dos Campeões de 1937 como título nacional da primeira divisão, transformando o Atlético Mineiro em tricampeão brasileiro. Obviamente virou uma bola de neve, com outros estudos surgindo no país, nos âmbitos estadual, regional e nacional. Motivou também o segundo episódio no NE.

Em 8 de fevereiro de 2024, uma reunião no Recife selou a parceria entre as direções jurídicas de Sport, Ceará, Fortaleza, Federação Pernambucana e Federação Cearense. Após a criação de um dossiê histórico, os três clubes se juntaram para pleitear a equiparação do Torneio Norte-Nordeste, organizado pela CBD entre 1968 e 1970, ao Torneio Roberto Gomes Pedrosa, jogado entre 1967 e 1970 e formado basicamente por clubes do Sul-Sudeste. O rubro-negro ganhou o “Brasileirão do Norte” de 1968, enquanto o alvinegro levou em 1969 e o tricolor em 1970 – não confunda com a fase prévia da Taça Brasil, que era outra disputa.

O N-NE e o Robertão eram competições presentes no calendário oficial da entidade, tendo ainda o objetivo de classificar os ganhadores ao “Torneio dos Campeões da CBD”, o projeto inicial para consagrar o campeão brasileiro do ano – até o surgimento do campeonato de fato, em 1971. E a importância dessa visão “paralela” está no fato de que o “Robertão” foi unificado ao Brasileirão num ato em 2010. Logo, na visão do trio nordestino, a equiparação ao extinto torneio valeria a mesma benesse do primeiro ciclo de reconhecimento feito pela CBF, há 14 anos. Com isso, transformaria o título inter-regional num título nacional.

Vespeiro não fica só no Nordeste

Considerando o último reconhecimento homologado, que foi justamente o do Galo sobre a campanha em 1937, trata-se mesmo de uma análise arrastada – e também de articulação política, convenhamos. O processo envolve consulta às diretorias de Registro, Jurídico, Competições, Governança e Conformidade da CBF, com o respaldo de estudos externos e da área de Acervos e Memórias da própria entidade. A resposta ao clube mineiro demorou um ano e sete meses. Dificilmente será diferente com os casos vigentes da região.

Sobretudo se continuarem fora da pauta. Ao blog, o presidente da FPF-PE, Evandro Carvalho, disse que ainda não houve qualquer decisão sobre o pleito da segunda divisão em 1986. Longe disso: “Não houve (decisão da CBF) e não está em pauta para esse ano (2024)”. Ele justificou a demora devido às “demandas da CBF”, mas mostrou-se menos otimista sobre o pedido do outro caso, o do Norte-Nordeste: “Esse pedido dos cearenses e do Sport é mais difícil pois foi um torneio regional. E daí para elevar a nível nacional é bem mais complicado”.

Cá pra nós, o do Atlético Mineiro também era complicado. Tanto que acabou servindo de estímulo para outros pedidos, como o do América do Rio de Janeiro, que quer a equiparação do seu título no Torneio dos Campeões de 1982. Levando em conta o tempo de espera para o Atlético, a resposta sobre o primeiro caso da região deveria sair até março de 2025, enquanto a sinalização do segundo caso deveria ocorrer até setembro de 2025. A conferir.

Títulos nacionais dos estados do Nordeste

6 vezes – Pernambuco: Série A 1987, Copa do Brasil 2008, Série B 1990, Série C em 2013 e 2019 e Série D 2024
4 vezes – Ceará: Série B 2018 e Série D em 2010, 2018 e 2023
3 vezes – Bahia: Taça Brasil 1959, Série A 1988 e Série B 2023
3 vezes – Maranhão: Série B 1972, Série C 1997 e Série D 2012
2 vezes – Rio Grande do Norte: Série C 2010 e Série D 2022
1 vez – Alagoas: Série C 2017
1 vez– Paraíba: Série D 2013

Leia mais sobre o assunto
No embalo do Atlético-MG, Treze e Central pedem homologação do título da Série B de 1986

Ceará, Fortaleza e Sport formalizam parceria para pleitear títulos nacionais antigos


Compartilhe!