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Pelé, o 10 do Brasil

Pela Seleção, Pelé fez 77 gols em jogos oficiais. Somando os não oficiais, contra clubes e seleções estaduais, vários deles no Nordeste, foram 95.

Embora tenha pendurado as chuteiras em 1977, Pelé estabeleceu números inalcançáveis no futebol, mesmo com toda a evolução técnica e física em mais de 40 anos desde então.

Com mais de 1,2 mil gols registrados e 3 títulos da Copa do Mundo, o Rei é o maior jogador da história. Mesmo com a insistência no revisionismo, ainda que Maradona e Lionel Messi sentem na mesma mesa, o craque revelado pelo Santos já era eterno antes de virar eterno neste 29 de dezembro de 2022, desde já um dos dias mais tristes do Brasil.

Afinal, ao assumir o “verdadeiro” o nome nos gramados, Edson Arante do Nascimento transformou o número “10” em sinônimo de craque do time. Hoje parece algo óbvio, com o destaque do seu time usando esta camisa, algumas vezes até mesmo sem merecê-la, justamente pela força do número e a responsabilidade que cabe ao “10”.

Antes de Pelé, a numeração ainda era algo relativamente novo no futebol. Ele recebeu a camisa com este número costurado durante a Copa do Mundo de 1958, e de forma aleatória, diga-se. Ali, o prodígio de 17 anos decidiu os jogos nas quartas de final, na semifinal e na final do Mundial da Suécia, com golaços nas três partidas. A partir dali, o 10 o acompanharia sempre. Ali, um negro nascido em Três Corações, no interior mineiro, começava também a reescrever a história do nosso Brasil.

Ele foi, com sobras, o nosso maior embaixador, mostrando a nossa cara, a nossa capacidade, a nossa superação. Citá-lo no exterior era quase o mesmo que um “passaporte”. Falando nisso, Pelé teve 17 passaportes, passando por 72 países. Chegou a parar uma guerra no Zaire, em 1969, para que o país pudesse receber uma apresentação do gênio. Numa época mais antiga, de nomes estrangeiros, compostos e pomposos, com os destaques tendo também a pele mais clara, mais pelas barreiras sociais do que pela qualidade técnica, “Pelé” dominou o maior esporte do mundo. E por muitos anos, enquanto esteve no gramado e mesmo depois.

Pelé foi eleito o “Atleta do Século” pelo jornal francês L’Equipe em 1980. Eu nasci só no ano seguinte e pouco vi o Rei em “tempo real”, com destaque para o amistoso especial da Seleção Brasileira em 1990, quando completou 50 anos. Ao vivo, só o vi uma vez, de longe, na sua aparição no Cine PE de 2011, no Teatro Guararapes, em Olinda. Pela recepção do público, parecia uma entidade ali – na prática, era.

Mesmo tendo acompanhado a sua carreira muito menos que a de outros craques de ponta, isso nunca me fez falta alguma sobre a dimensão de quem era. Os vídeos disponíveis, as inúmeras reportagens e os relatos do meu pai e de parentes nais velhos bastaram para estabelecer o respeito pelo Rei do Futebol, com essa certeza bem ratificada pelo filme “Pelé Eterno”, com dezenas de lances que hoje nos impressionam nos pés de outros craques. Acredite, Pelé fez tudo antes.

Ao nos deixar aos 82 anos, Pelé mantém o Brasil com a aura de País do Futebol, ainda que o título mundial não venha há 20 anos, ainda que a Canarinha só tenha vencido duas Copas após a última conquista com o Rei, em 1970. Ainda que grande parte da memoria áudiovisual seja apenas em preto e branco, curiosamente com as cores do peixe da Baixada Santista, Pelé esteve à frente da massificação do Brasil como o padrão verde e amarelo, como sinônimo de bola, magia, arte, gols e dribles mundo afora. Quem viu esse dom, sabe. Quem não viu, respeita. E no fim das contas só nos resta o óbvio por quem tanto fez: obrigado, Rei!

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