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Do Íbis para a Seleção Brasileira? Por mais surreal que seja, foi quase…

Em 9 de outubro de 1959, a FPF recebeu da CBD, a precursora da atual Confederação Brasileira de Futebol, a missão de representar o país no Campeonato Sul-Americano de Futebol, após articulação do presidente da federação estadual, Rubem Moreira. Seria a segunda edição do tradicional torneio naquele ano, não por acaso chamado de “Extra”. Para a disputa no Equador, a delegação do país seria composta de 22 jogadores.

Antes de mais nada, é preciso frisar que você não entendeu errado. Os melhores atletas dos clubes pernambucanos realmente formariam, de forma integral, a Seleção Brasileira para o torneio hoje conhecido como Copa América – dois anos antes ocorreu o mesmo com a Bahia, com dois jogos no Chile. A notícia veio faltando três rodadas para acabar o 2º (e último) turno do Estadual. Ou seja, motivou bastante o restante da competição. Até porque antes da lista final haveria uma pré-convocação, mais ampla. Dito e feito. Foram 34 nomes, sendo 4 goleiros, 5 zagueiros, 8 meias e 17 atacantes. Todos sob o comando de Gentil Cardoso, que seria o primeiro negro a treinar a Seleção – e ainda o único.

É exatamente neste momento que há um capricho da história. Conhecido como o “Pior time do mundo”, devido ao jejum na década de 1980, o Íbis emplacou três atletas na “lista pioneira” em 1959. O clube foi representado pelo goleiro Jagunço e pelos atacantes Vantu e Inaldo. Integrantes da equipe que teve 2V, 3E e 15D nos 20 jogos do Campeonato Pernambucano, onde acabou em 5º lugar. E não foi só. Além das convocações esperadas, com dez tricolores, nove alvirrubros e sete rubro-negros, outras duas equipes pequenas do Recife foram lembradas. O Ferroviário cedeu quatro, enquanto o extinto Asas Esporte Clube, ligado à Aeronáutica, cedeu o atacante Manoelzinho. Ou seja, seis clubes presentes, justamente os seis do Estadual que seria vencido pelo Santa, cujo treinador era… Gentil Cardoso.

Eis o registro do Diario de Pernambuco sobre a primeira lista do Brasil, 100% pernambucana.

Na prática, era a Cacareco, o apelido clássico da seleção pernambucana, vestindo a camisa verde e amarela. Só que a cobertura jornalística daquele episódio tratou o grupo desde o começo como “Brasil”. No Diario de Pernambuco, a convocação inicial foi noticiada como “Jogadores para o Sulamericano Extra”, com o seguinte primeiro parágrafo: “Ontem, o treinador Gentil Cardoso completou a relação dos jogadores convocados para os treinos da seleção pernambucana que irá representar o Brasil no Equador”. Ainda com os pré-convocados, o termo “Seleção Brasileira” foi usado também em 25 de outubro.

E olhe que poderiam ter sido 35 nomes, pois o técnico acabou deixando Jovelino de fora. Vindo do Rio de Janeiro para reforçar a Canarinha, ele sequer havia entrado em campo no Recife, mas mesmo assim foi especulado. Qual seria o seu clube aqui? O Íbis! Posteriormente, após os primeiros treinamentos, Gentil enxugou a lista, com 12 cortes. Com a Seleção Brasileira enfim formada, apenas com jogadores do trio de ferro, o desempenho foi até honroso, com a 3ª colocação entre cinco participantes no torneio realizado em dezembro. Foram duas vitórias e duas derrotas, para os favoritos Uruguai (campeão) e Argentina (vice).

A lista de pré-convocados de PE para a Seleção Brasileira de 1959 (34 nomes)
10x – Santa Cruz
9x – Náutico
7x – Sport
4x – Ferroviário
3x – Íbis
1x – Asas

A lista definitiva de PE para a Seleção Brasileira de 1959 (22 nomes)
10x – Santa Cruz
7x – Náutico
5x – Sport

Abaixo, a seleção pernambucana representando o país em 1959, no Equador.

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