O mapa da reta final da Copa do Nordeste de 2020, não só para os clubes baianos.
A cidade de Salvador será a sede dos 16 jogos restantes da Copa do Nordeste de 2020. A escolha, anunciada pela Liga do Nordeste através do Twitter, foi baseada no cenário mais acessível na região metropolitana da capital baiana em relação aos principais concorrentes, Fortaleza e Recife. Não especificamente sobre a estrutura de estádios e campos de treinamento, mas em relação à disseminação do Covid-19, com números mais baixos na Boa Terra. Na verdade, este ponto foi determinante – embora nenhum estado da região tenha liberado a realização dos jogos.
Suspensa pela CBF em 17 de março, a competição voltará após 126 dias. A mensagem sobre esta volta foi sucinta: “Confirmado o retorno da Copa do Nordeste 2020. O torneio retornará com sede única, na cidade de Salvador, a partir do dia 21/07 e terá seu fim no dia 04/08”. Ou seja, a retomada será em duas semanas, com a finalíssima ocorrendo a quatro dias do início do Campeonato Brasileiro, com os jogos das Séries A, B e C previstos para o dia 8 de agosto. Ao todo serão 15 dias para o regional, que precisa de cinco datas para ser finalizado – a última rodada da fase de grupos, mais quartas e semi em jogos únicos e decisão em duas partidas.
Sobre a “sede única”, ainda há chance de a aplicação se referir ao estado da Bahia, pois o projeto de finalização da Lampions poderá contar com o apoio de uma cidade no interior, Feira de Santana, a 115 quilômetros. São três estádios na capital (Fonte Nova, Barradão e Pituaçu) e talvez mais dois no município mais populoso do interior nordestino (Joia da Princesa e Arena Cajueiro). Ao chegar na capital baiana, os clubes visitantes deverão treinar nos seguintes locais: Cidade Tricolor (CT do Bahia), do complexo do Barradão, CT do Fazendão (também do Bahia), CT do Bahia de Feira e Praia do Forte, além de campos adicionais.
A princípio, 16 clubes deverão competir em Salvador, mas há chance de a quantidade cair para 14, uma vez que Frei Paulistano e Imperatriz, que se enfrentam na última rodada da fase classificatória, já estão eliminados – há precedente para este tipo de situação. Mesmo assim, dificilmente a última rodada será simultânea, conforme preza o regulamento, devido à escassez de praças. Porém, foi uma concessão dos participantes (ou teríamos jogos em CTs?!).
A ideia de um local específico vinha sendo articulada desde o início de junho. Na ocasião, numa reunião via videoconferência, os clubes toparam a ideia, restando a definição da sede única, que acabou ficando a cargo da Confederação Brasileira de Futebol, com três cidades pleiteando os jogos: Recife (FPF), Salvador (FBF) e Fortaleza (FCF). Num primeiro momento, a capital pernambucana largou na frente, nas palavras do próprio presidente da Liga do Nordeste, Eduardo Rocha, até mesmo pela localização (centralizada, está a 800 km de Salvador e a 800 km de Fortaleza), mas acabou perdendo força pelos números severos no Coronavírus. Mesmo com o fim da quarentena e o “controle” da contaminação, os dados seguem altos – tanto que o governo pernambucano já adiou duas vezes o anúncio da volta dos jogos.
Nota do blog
Na indicação da cidade, a dúvida estrutural só existiria, à vera, a partir de dados mais próximos das secretarias de saúde. O que não ocorreu. Mesmo tendo uma população bem maior (BA 14.8 milhões; PE 9.5 mi; CE 9.1 mi), a Boa Terra vem apresentando, desde o início da pandemia, um número menor de vítimas fatais (embora já tenha mais contaminados que PE): 2,2 mil na BA, 5,2 mil em PE e 6,5 mil no CE – na minha visão, todos esses dados seguem elevados e a reabertura parece cedo. Inclusive, me chamou a atenção o lobby das federações (e clubes) sobre um assunto tão delicado. Não se tratava de uma escolha de sede no padrão comum, como a disputa para receber a final da Copa Sul-Americana, que tem a Fonte Nova, o Castelão e a Arena PE entre os candidatos. Era uma situação de exceção, que, num primeiro momento, não foi tratada como tal.
Seguindo a análise, vamos ao principal estádio de Salvador. Parte da Fonte Nova foi utilizada para a montagem de um hospital de campanha durante esta crise do Coronavírus – no caso, a área interna do empreendimento. Neste caso, mesmo que o jogo eventualmente não atrapalhe em nada o ambiente hospitalar (e na prática não deve mesmo), o simbolismo disso é ruim, como já foi no Maracanã, cuja volta do Campeonato Carioca, com Bangu 0 x 3 Flamengo, aconteceu no mesmo dia em que morreram duas pessoas no hospital de campanha montado no estádio.
Jogos restantes da fase de grupos (e os palcos originais)
Sport x Confiança (Ilha do Retiro)
ABC x CSA (Frasqueirão)
Frei Paulistano x Imperatriz (Titão)
CRB x Ceará (Rei Pelé)
Bahia x Náutico (Fonte Nova)*
Fortaleza x América-RN (Castelão)
Botafogo-PB x Vitória (Almeidão)
River x Santa Cruz (Albertão)
* Provavelmente em 22/07 (uma quarta-feira), com transmissão da TV Jornal para PE
Os principais estádios na Bahia (e a capacidade*)
47.907 – Fonte Nova
32.157 – Pituaçu
30.618 – Barradão
16.724 – Joia da Princesa (a confirmar)
4.000 – Areja Cajueiro (a confirmar)
* De toda forma, os jogos não terão público
A única sede única do Nordestão
A primeira edição da Copa do Nordeste aconteceu em 1994. O torneio foi organizado pela federação pernambucana em parceria com o governo de Alagoas, com o troféu batizado de ”Taça Governador Geraldo Bulhões”. A disputa teve 16 clubes, com quatro grupos de quatro. As chaves foram espalhadas em Maceió (grupos A e C), Arapiraca (B) e Capela (D). Já o mata-mata, com quartas, semi e final, sempre em jogos únicos, foi inteiramente disputado no Rei Pelé, na capital alagoana. Após 26 anos, a “reedição” da ideia pode ser a saída para conhecer o novo campeão.
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