A cor da sujeira já se confunde com as cadeiras do estádios. Imagens: TV FPF/reprodução.
Em 2023, completando dez anos de operação, a Arena Pernambuco vive o pior momento em termos de grandes jogos de futebol. À parte da pandemia, quando não podia haver público, o estádio nunca recebeu tão pouca gente. Praticamente ignorada por Sport, Santa Cruz e Náutico nesta temporada, o empreendimento só tem o Retrô como mandante regular. E a média de público do clube-empresa na Série D é de apenas 826 espectadores. É um estádio quase esquecido pelo público e, em parte, também pelo governo do estado também.
Em 22 de julho, o local recebeu a decisão do campeonato estadual da categoria mirim. Num jogo de portões abertos numa manhã de sábado, o Sport venceu o Retrô por 1 x 0 e ficou com o título no Sub 13. A FPF, que organizou a competição, divulgou um vídeo de bastidores no mesmo dia. Nele, imagens aéreas do estádio localizado em São Lourenço da Mata, a 19 km do Marco Zero. O registro do drone acabou revelando muito mais.
10 anos depois, o “LED natural”
Me chamou a atenção a sujeira em toda a cobertura , quase “mudando a cor” do estádio para um tom marrom. Na origem do projeto, lá em 2009, a ideia era mudar a cor a partir de uma iluminação de LED, que jamais foi instalada na fachada. Hoje, de forma bizarra, a mudança está sendo “orgânica”. A sujeira acumulada neste inverno se estende tanto à cobertura quanto às rampas de acesso e à fachada, cujo material formado de almofadas de etileno tetrafluoretileno já apresenta sinais de desgaste há bastante tempo.
A falta de manutenção externa chegou a um ponto constrangedor neste visual. Embora a área interna não apresente problemas na mesma proporção, pra ser justo, a chegada ao estádio construído para a Copa do Mundo de 2014 agora parece remeter a uma edição do Mundial muito anterior a esse período – veja mais imagens abaixo.
Casa do Sport em 2024?
Ainda que a limpeza possa ser feita sem tanta dificuldade, teoricamente, o fato é que não vem acontecendo há tempos – nem no governo de Raquel Lyra nem no anterior, de Paulo Câmara. É inconcebível o estado atual da Arena Pernambuco, cuja previsão original de receita era R$ 12,2 milhões por mês considerando a presença do trio de ferro, em valores corrigidos. A realidade, dura, é uma receita de cerca de R$ 200 mil através do Retrô. Com um custo mensal estimado em R$ 650 mil, o prejuízo a cada 30 dias passa de R$ 400 mil.
Entre 2024 e 2025 há a expectativa de ter a presença do Sport de forma regular no estádio do governo, uma vez que o clube rubro-negro pretende agilizar a modernização da Ilha do Retiro, numa obra que pode chegar a R$ 150 milhões. Não será com essa cara atual que a arena irá convencer um público reticente há mais de uma década…
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Eis um registro para a comparação, com a Arena Pernambuco limpinha em março de 2014.