A base do leão ganhou o Nordestão Sub 20 em 18 de dezembro. Origem do dinheiro em 2022?
No Vitória, a diferença entre as previsões orçamentárias de 2021, na Série B, e de 2022, na Série C, é de R$ 6 milhões. Apesar da escala milionária, uma análise mais fria aponta essa queda como “irrisória” considerando a diferença entre as duas divisões. Afinal, há uma desproporção grande no número de jogos como mandante, com 19 na segundona e mínimo de 9 na terceirona (chegando no máximo a 13 em caso de final) e, sobretudo, na receita de tevê. Ou na falta dela.
De R$ 8 milhões, o valor aproximado recebido nos últimos três anos na 2ª divisão, o rubro-negro agora parte para um campeonato sem cota de transmissão, com a verba da 3ª servindo, hoje, apenas para o custeio, bancando viagens, hospedagens e alimentação do time. Sendo assim, a retração absoluta de “apenas” R$ 6 milhões, de R$ 35 mi para R$ 29 mi, chama ou não a atenção? Pois é. A explicação está na composição do faturamento na próxima temporada.
A nova estimativa, apurada pelo site Galáticos Online, focado no futebol da Boa Terra, foi recomendada pelo conselho fiscal do clube, embora o próprio presidente do órgão, Jailson Reis, tenha discordado num primeiro momento. Isso porque o dirigente queria um cenário mais conservador, excluindo a previsão de receitas com a venda de direitos econômicos de atletas. No caso, de R$ 13 milhões, ou 44,8% de tudo esperado para 2022. É muita coisa.
O rival Bahia, que jogará a Série B, também projetou uma venda pesada, de R$ 27 milhões, com isso representando 28,2% da previsão do clube, de R$ 95,6 mi – e ainda assim foi um percentual alto, na minha visão. Em 2021 o leão baiano firmou duas vendas milionárias, com Pedrinho (8,0 mi) e Samuel (2,8 mil). A repetição disso seria um valor próximo à meta, e a fonte talvez esteja no grupo que conquistou o hexa na Copa do Nordeste Sub 20, em 2021.
O que parece pesar contra nisso, creio, é o valor de mercado do clube neste momento, com a segunda participação na 3ª divisão em sua história. A anterior foi em 2006, quando subiu como vice. No presente, o clube chega a quatro anos seguidos longe da elite, algo inédito no Brasileirão a partir de 1971. E tem mais. O Vitória também prevê uma campanha na Copa do Brasil até a 3ª fase. Na última temporada, mesmo mal na Série B, foi até mais longe, chegando às oitavas. Agora, essa meta, que geraria cerca de R$ 3 milhões, soa fora da curva – e vale 10,3% de toda a receita no ano. Ao todo, 55,1% em receitas variáveis. Jogando sob risco.
A título de comparação, o Náutico, uma divisão acima, não estimou nem cotas de classificação nem vendas de atletas, optando por um modelo mais conservador. Ao Vitória, num momento tão delicado, talvez fosse importante ter seguido esse caminho. Desconsiderando essas duas enormes frentes variáveis, o clube de Salvador tem a “garantia” de R$ 13 milhões, nem metade do que estima à vera. De toda forma, na Série C, o valor já tende a ser bem acima da média.
As mudanças no orçamento definitivo do rubro-negro baiano
Entre os principais clubes do NE, o Vitória vem sendo o mais confuso em relação à divulgação do orçamento, sempre com mudanças em poucos dias. Em 2019, na B, na gestão de Ricardo David, foram apresentados três valores, caindo de R$ 72 mi até R$ 45 mi, o cenário mais factível ali. Em 2021, com Paulo Carneiro à frente, a receita total foi estimada em R$ 48 milhões, mas foi vetada pelos conselheiros. O plano B, após a costura do conselho fiscal, ficou em R$ 35 milhões. Para esta nova temporada, o presidente em exercício, Fábio Mota, revelou ao jornal Correio*, em 6 de dezembro, uma previsão de R$ 27 milhões. No dia 27, o valor efetivamente aprovado foi até maior (+2 mi), mas não exatamente com a garantia do dinheiro entre janeiro e dezembro de 2022…
Previsão de orçamento do Vitória (e o aumento sobre o ano anterior)
2017 (Série A) – R$ 83.400.000
2018 (Série A) – R$ 102.000.000 (+22,3%)
2019 (Série B) – R$ 45.000.000 (-55,8%)
2020 (Série B) – R$ 52.000.000 (+15,5%)
2021 (Série B) – R$ 35.000.000 (-32,6%)
2022 (Série C) – R$ 29.000.000 (-17,1%)
A receita total realizada pelo clube (e o aumento sobre o ano anterior)
2017 (Série A) – R$ 88.071.107 (-21,3%)
2018 (Série A) – R$ 87.013.000 (-1,2%)
2019 (Série B) – R$ 53.010.000 (-39,9%)
2020 (Série B) – R$ 37.900.000 (-28,5%)
2021 (Série B) – Em andamento (divulgação até 30/04/2022)
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