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O ranking de receitas do G7 em 2020, com a evolução dos clubes em relação ao balanço de 2019.

Os sete maiores clubes do Nordeste, concentrados nas cidades de Salvador, Recife e Fortaleza, arrecadaram R$ 442,5 milhões em 2020. Num primeiro olhar, o valor pode até impressionar. Entretanto, o dado só corresponde a 66,1% da receita do Flamengo, o atual campeão brasileiro e líder neste quesito – a receita total do clube carioca chegou a R$ 668,6 milhões.

Numa temporada afetada pela pandemia da Covid-19, a queda no faturamento era uma certeza. O próprio Fla teve uma redução de -29%. No G7, a redução absoluta foi de R$ 100,8 milhões, ou -18%. No NE, apenas Bahia (130 mi) e Ceará (103 mi) chegaram aos nove dígitos.

A seguir, alguns comparativos financeiros a partir dos balanços publicados pelos clubes, com dados oficiais colhidos de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2020. Apesar do prazo final para a entrega dos balanços ter sido encerrado em 30 de abril, esta publicação do blog só saiu agora porque Sport (22/05) e Vitória (28/05) atrasaram as respectivas divulgações.

É importante frisar o período de análise, pois o Campeonato Brasileiro se estendeu ao ano seguinte. A Série A só acabou em 25 de fevereiro. E o Bahia, por exemplo, recebeu R$ 26,6 milhões da TV no período, entre repasses e premiações, ainda referentes à edição de 2020. Contudo, esses valores – num cenário que se aplica a basicamente todos os clubes – serão contabilizados somente no demonstrativo contábil de 2021. No fim do post, o gráfico com o ranking de receitas e dívidas do G7 nos últimos sete anos.

Ainda vale destacar que o G7 não corresponde, necessariamente, aos sete nordestinos com as maiores receitas no ano. Na última temporada, por exemplo, CRB, CSA e Sampaio Corrêa disputaram a Série B, o que já configura uma receita de transmissão bem acima do Santa. Na B, R$ 7 mi. Na C, zero. Porém, os balanços dos três não foram encontrados nos sites oficiais. Portanto, esta lista foca nos times com as maiores torcidas da região.

A seguir, a evolução das receitas e passivos dos setes clubes e a média por time a cada ano.

A receita acumulada do G7 do Nordeste
2014 – R$ 264.878.208 (média de R$ 37,8 mi)
2015 – R$ 311.604.527 (média de R$ 44,5 mi)
2016 – R$ 427.699.772 (média de R$ 61,0 mi)
2017 – R$ 392.594.733 (média de R$ 56,0 mi)
2018 – R$ 470.354.639 (média de R$ 67,1 mi)
2019 – R$ 543.430.082 (média de R$ 77,6 mi)
2020 – R$ 442.591.460 (média de R$ 63,2 mi)

O passivo acumulado do G7 do Nordeste
2014 – R$ 632.295.612 (média de R$ 90,3 mi)
2015 – R$ 674.335.563 (média de R$ 96,3 mi)
2016 – R$ 659.457.704 (média de R$ 94,2 mi)
2017 – R$ 847.695.292 (média de R$ 121,0 mi)
2018 – R$ 990.612.886 (média de R$ 141,5 mi)
2019 – R$ 1.039.389.601 (média de R$ 148,4 mi)
2020 – R$ 1.151.826.555 (média de R$ 164,5 mi)

Eis os links das análises do blog: Bahia, Ceará, Fortaleza, Náutico, Santa Cruz, Sport e Vitória.

Eis os links dos relatórios oficiais: Bahia, Ceará, Fortaleza, Náutico, Santa Cruz, Sport e Vitória.

Receita total em 2020
Pela 3ª vez seguida, o Bahia registrou a maior receita do futebol nordestino. Considerando o montante do G7, de R$ 442 mi, o tricolor soteropolitano teve quase 1/3. Apesar disso, o dado não foi tão satisfatório. O faturamento teve uma queda de R$ 58,8 milhões de 2019 para 2020, ou -31%. Com a pandemia, apenas o Ceará conseguiu manter uma receita alta de maneira proporcional. A redução de R$ 1,7 mi foi irrisória para a situação vivida no país.

Vale frisar que o Sport elevou a sua receita ao subir da B para A, mas o aumento bruto de R$ 15,3 mi foi discreto, ficando bem abaixo dos outros três representantes do NE na elite. Por fina, destaco o Vitória. Pelos balancetes presentes no site leonino, a receita teria sido de R$ 49,7 milhões. Porém, sem todas as receitas livres e disponíveis, nas palavras do próprio presidente do clube, o valor total presente no balanço oficial foi de R$ 37,9 mi, com uma diferença de R$ 10 milhões – curiosamente, foi o déficit do clube. Receita por cidade: R$ 189,1 mi em Fortaleza (2 clubes), R$ 167,9 mi em Salvador (2) e R$ 85,2 mi no Recife (3).

Ranking de receitas e o % sobre o total do G7
1º) R$ 130,0 milhões (29,3%) – Bahia (Série A)
2º) R$ 103,1 milhões (23,2%) – Ceará (Série A)
3º) R$ 86,0 milhões (19,4%) – Fortaleza (Série A)
4º) R$ 54,5 milhões (12,3%) – Sport (Série A)
5º) R$ 37,9 milhões (8,5%) – Vitória (Série B)
6º) R$ 17,0 milhões (3,8%) – Náutico (Série B)
7º) R$ 13,7 milhões (3,0%) – Santa Cruz (Série C)

Receita com direitos de transmissão na TV em 2020
Em relação à verba da televisão, a classificação desta receita ainda carece de padronização entre os clubes. Tentando pontuar o cenário, o quarteto da Série A ficou bem à frente. Na prática, a distância é ainda maior, pois boa parte da receita (como o valor por performance, e os quatro ficaram na 1ª divisão) só entrou em 2021. Aqui vale um adendo sobre o Fortaleza.

O tricolor alencarino assinou um contrato com o Espore Interativo (hoje, TNT Sports) quando estava na Série C. Assim, com as condições da época, firmou por valores abaixo do mercado atual do clube. Seguindo na lista, o Santa Cruz, mesmo na C (sem cota), ficou próximo dos dois times da B (que ganham cota), por causa dos valores nas copas.

Cotas de transmissão/participação nos torneios
1º) R$ 53,7 milhões – Bahia (Série A)
2º) R$ 52,7 milhões – Ceará (Série A)
3º) R$ 40,9 milhões – Sport (Série A)*
4º) R$ 24,1 milhões – Fortaleza (Série A)
5º) R$ 6,7 milhões – Vitória (Série B)
6º) R$ 5,6 milhões – Náutico (Série B)**
7º) R$ 4,3 milhões – Santa Cruz (Série C)
* Sport cita como “receita de futebol”, com cotas, bilheteria e negociações
** Náutico cita como “receita de campeonato”, incluindo cotas e bilheteria

Receita com sócios em 2020
Num ano de colapso socioeconômico, devido à proliferação da Covid-19, o futebol foi profundamente impactado. Até por ter ficado quatro meses sem atividade. Na volta, portões fechados nos estádios. Assim, obter receita com sócios foi uma dura missão, baseada basicamente no amor ao clube – com a vida mais difícil e ausência de benefícios práticos.

No Bahia, o quadro adimplente caiu de 35 mil para 21 mil sócios entre janeiro e dezembro, mas a arrecadação subiu. Explicação: o clube ficou com 100% da receita, sem precisar repassar à Arena Fonte Nova, parceira no modelo de ingresso garantido, pois não houve público. Já Ceará e Fortaleza ficaram acima de R$ 10 milhões, enquanto o Sport sofreu uma baixa de -1,9 mi. Porém, o ponto negativo vai mesmo para o Santa Cruz, uma vez que são três anos seguidos na casa de R$ 1 milhão, um valor irrisório para a torcida que tem.

Arrecadação com as doze mensalidades
1º) R$ 29,5 milhões – Bahia
2º) R$ 11,8 milhões – Vitória*
3º) R$ 11,2 milhões – Fortaleza
4º) R$ 10,1 milhões – Ceará
5º) R$ 4,4 milhões – Sport
6º) R$ 3,7 milhões – Náutico
7º) R$ 1,0 milhão – Santa Cruz
* Vitória incluiu a receita no mesmo segmento de premiações e loterias

Gasto com futebol profissional em 2020
Mesmo com os quatro meses de paralisação das competições, entre março e julho, o futebol continuou gerando uma despesa considerável. À parte de alguns acordos, mais focados em repactuação do que redução, os valores de 2020 não foram tão diferentes de 2019, num ano de normalidade. Somando salários, encargos, logística e investimentos em direitos econômicos, o Bahia gastou mais do que a receita total – e essa não é a única despesa regular do clube.

Os outros três times da Série A oscilaram entre 69% e 74% da receita só com o futebol. Também são percentuais elevados, deixando pouco lastro para outros departamentos ou para o pagamento de dívidas – no Sport, por exemplo, isso resultou em novo aumento do passivo. A curiosidade aqui é o fato de justamente o Santa Cruz, o de menor receita, ter tido o menor gasto proporcional.

Despesa com futebol e o % sobre a própria receita
1º) R$ 133,0 milhões – Bahia (102,3%)
2º) R$ 76,9 milhões – Ceará (74,5%)
3º) R$ 59,7 milhões – Fortaleza (69,4%)
4º) R$ 39,7 milhões – Sport (72,8%)
5º) R$ 34,9 milhões – Vitória (92,0%)
6º) R$ 13,2 milhões – Náutico (77,6%)
7º) R$ 7,6 milhões – Santa Cruz (55,4%)

O resultado financeiro em 2020
Dos sete clubes analisados, só o Ceará terminou com saldo positivo na relação entre receitas e despesas. No alvinegro o cenário é até comum. É assim desde 2015. Contudo, a própria redução do superávit mostra a dificuldade da temporada. Caiu de +5,7 mi para +0,3 mi. Entre os rivais regionais, saldos negativos milionários. Quase houve uma exceção, com o Vitória.

Pelos balancetes o Vitória teve um superávit de R$ 3,6 mi. Só que a extrato no demonstrativo contábil trouxe um déficit de R$ 10 milhões. Simplesmente o segundo maior do G7. Abaixo, só o Bahia, com o maior saldo negativo que já vi nesses anos de acompanhamento dos clubes: -50 mi.

Superávit/Déficit*
1º) +377.762 – Ceará (6º superávit seguido)
2º) -2.586.638 – Sport (8º déficit)
3º) -4.651.752 – Náutico (10º déficit)
4º) -5.625.020 – Santa Cruz (7º déficit)
5º) -9.787.635 – Fortaleza (1º déficit)
6º) -10.475.000 – Vitória (4º déficit)
7º) -50.641.000 – Bahia (1º déficit)
* O saldo da subtração da receita líquida pela despesa anual

Passivo bilionário em 2020
Neste último ano, alguns balanços financeiros foram “reapresentados” pelos clubes, numa prática contábil legal. Aconteceu com Náutico e Santa sobre 2018 e 2019 e com o Vitória sobre 2019, reajustando algumas cifras. Com isso, o passivo bilionário do G7 já aparece pela 2ª vez aqui, embora o número seja visto, de fato, de forma inédita. Dito isso, o passivo geral subiu R$ 112.436.954 de 2019 para 2020, chegando a R$ 1,15 bilhão, com +10,8%.

Aqui, a junção dos sete clubes acaba forçando a presença dos dois cearenses, que têm apenas 8% do montante. A bronca mesmo está nos outros cinco clubes. Valores por cidade: R$ 579,2 mi no Recife (3 clubes), R$ 479,3 mi em Salvador (2) e 93,0 mi em Fortaleza (2). A única redução em 2020 foi vista no Santa Cruz. Ainda assim, de apenas 0,1%, com R$ 253.653 a menos.

Os maiores passivos e o % sobre o total do G7*
1º) R$ 313,6 milhões (27,2%) – Bahia (Série A)
2º) R$ 218,7 milhões (18,9%) – Santa Cruz (Série C)
3º) R$ 200,5 milhões (17,4%) – Sport (Série A)
4º) R$ 165,7 milhões (14,3%) – Vitória (Série B)
5º) R$ 160,0 milhões (13,8%) – Náutico (Série B)
6º) R$ 57,8 milhões (5,0%) – Fortaleza (Série A)
7º) R$ 35,2 milhões (3,0%) – Ceará (Série A)
* Soma das obrigações e dívidas a curto prazo (passivo circulante) e longo prazo (não circulante)

A análise do Podcast 45 Minutos sobre os sete balanços financeiros:
Bahia (23), Ceará (50), Fortaleza (1h08), Sport (1h30), Vitória (1h57) Náutico (2h17) e Santa (2h47)

Abaixo, o histórico de dados do G7, considerando receitas e passivos, com valores nominais, sem a correção para o período atual – e com o ranqueamento anual a partir da receita. O gráfico vai 2014 a 2020, com números divulgados pelos próprios clubes. Lembrando que a divulgação pública desses balanços, com pareceres de auditores independentes, está prevista no artigo 46-A da Lei 9.615, de 24 de março de 1998, mais conhecida como Lei Pelé.


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