A taxa de presença foi de 15,8% sobre os 13.535 sócios aptos. Deu Yuri. Foto: Paulo Paiva/Sport.
Em mais um processo político tumultuado, desta vez no questionamento sobre uma nova candidatura de Yuri Romão, o sócio do Sport elegeu o seu último presidente executivo. Reeleito com folga, tendo 82,6% dos 2.141 dos votos válidos, Yuri irá continuar à frente do clube no biênio 2025/2026, tendo pela frente a volta à Série A, a negociação coletiva para a conclusão da Recuperação Judicial, a articulação para a implantação da SAF e a captação para o projeto “retrofit” da Ilha do Retiro. À parte do campo, as outras três situações vão seguir após o mandato, seja pagando, operando ou construindo. E aí já será num novo Sport.
Última gestão antes do novo estatudo
A partir de 1º de janeiro, lembrando, começará a vigorar a novo estatuto rubro-negro, que foi aprovado na Assembleia Geral Extraordinária em 4 de outubro. Ou seja, a próxima eleição, no fim de 2026, vai eleger o comando para o triênio 2027/2029, mas não como é hoje, com presidente e vice executivos, e sim um Conselho de Administração, formado por um presidente, um vice e três conselheiros. As vice-presidências de Marketing e Comunicação, entre outras, deixarão de existir – essas funções serão ocupadas por profissionais. Se tem uma coisa que não dá pra negar, é que Yuri terá tempo para preparar o clube para tudo isso.
No comando do Sport desde outubro de 2021, quando era o vice e assumiu a gestão após a desistência de Leonardo Lopes, Yuri Romão chegará a quase seis anos como presidente, sendo uma das maiores sequências da história rubro-negra – Wanderson Lacerda presidiu o Leão por seis anos completos, de 1991 a 1996. Até o momento, o período é marcado mais pela reestruturação do que pelos resultados no futebol, onde obteve o acesso só na 3ª tentativa, e num ano com receita elevada. A reabertura do estádio, com investimento de R$ 10 milhões, e a aquisição de 14 hectares para ampliar o CT, ainda são mais marcantes, creio.
Orçamento maior e desafio maior
Em termos de cobrança, a expectativa é que o futebol consiga acompanhar isso. Ou seja, com a permanência na Série A e a volta do protagonismo da Copa do Nordeste, onde o clube não vence desde 2014 e ainda amargou dois vices nesta gestão. Com o início do novo contrato de transmissão do Brasileirão, e com o Leão presente neste momento, o orçamento deverá dar um salto considerável em relação aos últimos anos. No novo biênio, o presidente reeleito prevê o futebol profissional com um diretor e um executivo. Sobre a folha de 2025, estima-se entre R$ 6 milhões e R$ 9 milhões durante a primeira divisão. É a maior da história clube. Na condução, o técnico Pepa, cuja renovação foi o primeiro anúncio após a reeleição.
O equilíbrio financeiro do Sport é primordial para o cálculo do “valor” do clube na conversão em Sociedade Anônima do Futebol, com a possibilidade de venda de até 90% das ações a investidores. Durante a campanha eleitoral, Yuri negou veementemente a possibilidade de ser o CEO do clube num futuro breve – seja na SAF ou no Conselho de Administração. Então, o seu legado, como gestor, a palavra bastante utilizada pelo próprio, passa mesmo pelos próximos dois anos, onde viverá o maior cenário esportivo e econômico – possivelmente na casa de R$ 200 milhões/ano. Consequentemente, será a maior dificuldade também. Se a bola não entra por acaso, como se diz, o trabalho também passará por esta avaliação.
16º bate-chapa em 50 anos
Na Ilha, a aclamação de um presidente é algo raro. O último consenso foi há 20 anos, na eleição de Luciano Bivar para 2005/2006. Desde então, o clube vive um bate-chapa a cada dois anos – em 2021, de forma excepcional, foram dois, com uma eleição suplementar. Ou seja, este foi o 11º pleito consecutivo no Sport. Ao todo, foi o 16º bate-chapa desde 1974, com essa sequência vigente sendo a maior da história leonina. Sobre a participação absoluta dos sócios, a vitória de Yuri Romão (É daqui pra cima!) sobre Rafael Arruda (Leões pela Mudança) por 1.770 x 371 ficou em 10º lugar entre as maiores eleições já realizadas pelo Sport.
A chapa eleita: É daqui pra cima!
Presidente executivo: Yuri Romão
Vice executivo: Raphael Campos
Presidente do Conselho Deliberativo: Ademar Rigueira
Vice do Conselho Deliberativo: César Caúla
Maiores bate-chapas no Sport (e os eleitos)
1º) 4.063 votos: 2016 (Arnaldo Barros; 61%, situação)
2º) 3.456 votos: 2008 (Silvio Guimarães; 75%, situação)
3º) 3.441 votos: 2012 (Luciano Bivar; 57%, situação)
4º) 2.997 votos: 1974 (Jarbas Guimarães; 76%, situação)
5º) 2.816 votos: 2000 (Luciano Bivar; 64%, situação)
6º) 2.776 votos: 2018 (Milton Bivar; 88%, oposição)
7º) 2.403 votos: 1978 (José Moura; 87%, situação)
8º) 2.359 votos: 2021 (Milton Bivar; 43%, situação)
9º) 2.224 votos: 1986 (Homero Lacerda; 62%, oposição)
10º) 2.141 votos: 2024 (Yuri Romão; 82%, situação)
11º) 1.957 votos: 2010 (Gustavo Dubeux; 98%, situação)
12º) 1.818 votos: 2014 (João Martorelli; 84%, situação)
13º) 1.817 votos: 2006 (Milton Bivar; 85%, situação)
14º) 1.696 votos: 2002 (Severino Otávio; 87%, situação)
15º) 1.516 votos: 2022 (Yuri Romão; 96%, situação)
16º) 1.293 votos: 2021 (Leonardo Lopes; 83%, oposição)
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