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Cinquentão, o Arruda segue imponente. Acima, a pintura atual. Foto: Rafael Melo/Santa Cruz.

O estádio José do Rego Maciel está localizado no bairro do Arruda, ocupando o nº 1.285 da Avenida Beberibe. Como se realmente fosse necessário saber o número para identificar uma construção daquele tamanho. Embora o Santa Cruz já esteja na localidade há 79 anos, o seu estádio foi concluído de fato em 4 de junho de 1972. Portanto, há 50 anos. A abertura oficial marcou a transformação do local não só no maior estádio do Recife, superando com folga a Ilha do Retiro, como no maior estádio particular do Nordeste, mesmo sem contar com o anel superior.

Basta dizer que o primeiro jogo, um empate sem gols no amistoso entre Santa e Flamengo, teve 62.185 torcedores. Em 1982, já com dois anéis, o gigantismo tomou conta, pois o Mundão tornou-se o 4º maior estádio particular do mundo! E não é exagero de pernambucano, pois a capacidade foi estimada em 110 mil pessoas. A seguir, então, dez curiosidades nessas cinco décadas. Confira também publicações especiais sobre a Fonte Nova e o Rei Pelé.

1) Antes do Estádio, o Alçapão

Dos três grandes da capital, o Santa foi o último a chegar ao seu bairro definitivo. Isso aconteceu em 1943, após arrendar o terreno onde hoje existe o Arruda. Naquele mesmo ano, o tricolor inaugurou o seu campo com uma goleada sobre o Íris por 6 x 2, num amistoso – não confunda com o Íbis. A posse veio 12 anos depois, quando José do Rego Maciel, então prefeito do Recife, comprou a área em nome do município e doou ao clube tricolor. Antes da construção do primeiro lance de arquibancada, em 1965, as arquibancadas eram de madeira, com capacidade bem modesta. Além disso, as direções das traves eram diferentes. Em vez de Norte/Sul, como hoje, Oeste/Leste.

2) 8 anos do projeto à inauguração

O projeto original do Arruda, só com o anel inferior e o setor de cadeiras, foi lançado em 30 de agosto de 1964, numa criação do arquiteto Reginaldo Esteves. Seriam 64 mil lugares, dobrando a primeira versão idealizada, de 1963. As obras começaram já naquele período, mas de forma gradativa, módulo por módulo, com o futebol ocorrendo normalmente. Em 1970, o estádio já podia receber cerca de 20 mil pessoas, mas dali em diante a obra acelerou, pois o Recife foi escolhido como uma das subsedes da Copa da Independência de 1972, a “Minicopa”, com a participação de 20 seleções nacionais. Assim, foi liberado um empréstimo de US$ 850 mil pelo antigo Bandepe.

3) Quando o estádio virou Colosso

No início da década de 1980 o Santa resolveu ampliar o estádio, motivado pelos resultados estaduais e nacionais e pelos públicos obtidos na década anterior. Foram elaborados dois projetos, um com o aumento do anel inferior, chegando a 110 mil pessoas, e outro com a construção de um anel superior, originalmente chegando a 100 mil. Só o segundo foi autorizado pela Prefeitura do Recife, com as obras seguindo por dois anos e transformando o antigo “Alçapão” em “Colosso”. Não por acaso, depois da reabertura, o estádio recebeu nove jogos da Seleção Brasileira entre 1981 e 2012, com 8 vitórias e 1 empate, entre Eliminatórias da Copa do Mundo, Copa América e amistosos.

4) Recorde de público e arrancada pra Copa

Em 29 de agosto de 1993, a cidade do Recife caminhou em direção ao Arruda. Foram quase 100 mil pessoas no estádio, tomado pelos tons amarelo e verde. Oficialmente, 96.990 assistiram lá à histórica goleada da Seleção Brasileira sobre a Bolívia por 6 x 0. Foram cinco gols apenas no primeiro tempo, numa tarde que ficou marcada como a “Arrancada do Tetra”. Apenas outro jogo passou de 90 mil pessoas no Mundão, com 90.400 para Brasil 2 x 0 Argentina, num amistoso em 1994 justamente em agradecimento ao apoio no ano anterior – e este segundo jogo foi a estreia de Ronaldo Fenômeno pela Canarinha (substituiu Bebeto no 2º tempo).

5) O povão na arquibancada

O surgimento do Arruda potencializou a presença da torcida do Santa Cruz, que já era expressiva nos jogos na Ilha do Retiro e nos Aflitos nos tempos sem mando. Em sua casa, num recorte a partir de 1972, foram 40 partidas com mais de 50 mil espectadores, sendo 32 com a presença do tricolor. Os maiores públicos envolvendo o clube foram no Clássico das Multidões em 1999 (78.391 pessoas, 1 x 1) e no Clássico das Emoções em 1983 (76.636 pessoas, com a taça nos pênaltis). À parte dos duelos contra os rivais, o maior público de um time pernambucano foi estabelecido pelo Santa no jogo do acesso na Série B de 2005, na virada sobre a Portuguesa, com 65.023. Reforçando que trata-se apenas de uma lista com dados oficiais, pois outros jogos aparentaram a capacidade máxima, como contra Betim (60.040 em 2013) e Treze (59.966 em 2011), sem qualquer espaço livre.

6) Baiano, o maior artilheiro do Arruda

O maior artilheiro da história do maior estádio de Pernambuco se chama Baiano e nasceu no Espírito Santo. Valmecir Margon, o “Baiano”, fez muito sucesso no futebol do estado na década de 1980, tornando-se o maior goleador do Campeonato Pernambucano. No Mundão, contabilizando todas as competições, foram 128 gols, sendo 70 pelo Náutico (1982-1987), 56 pelo Santa Cruz (1980-1981), 1 pelo Central (1988) e 1 pelo Sport (1988). Considerando só jogadores tricolores, o principal goleador é Betinho, com 98 gols em três passagens pela cobra coral entre 1971 e 1982.

7) A maior goleada e o início do penta

Em 9 de março de 1969, valendo pela 4ª rodada do primeiro turno do Campeonato Pernambucano, o Santa Cruz goleou o Santo Amaro por 15 x 2! É a maior goleada registrada no estádio entre os times principais. Eis os autores dos gols tricolores: Fernando Santana (5x), Mirobaldo (4x), Joel (2x), Uriel (2x), Zito (1x) e Luciano (1x). Os corais chegaram a abrir 5 x 0 em 14 minutos, diante de 3.507 espectadores – três anos antes da inauguração oficial, a data celebrada agora. O Diario de Pernambuco destacou o seguinte: “a maior goleada dos últimos tempos”. Aquele ano também marcou o início a era de ouro do clube, com o pentacampeonato estadual. E o primeiro título em casa veio já no ano seguinte, com o Santa fazendo 2 x 0 no Náutico na definição da “melhor de três”. Com o estádio ainda em obras, foram 25.012 pessoas naquele clássico.

8) Os títulos pernambucanos decididos no Mundão

Falando em títulos, o Campeonato Pernambucano já foi decidido muitas vezes no Arruda. Além de 1970, a única final antes da inauguração, outras 16 decisões ocorreram por lá. Ao todo, foram 8 títulos do Santa Cruz (1970, 76, 83, 90, 93, 95, 2011 e 15), 6 do Náutico (1984, 85, 89, 2001, 02 e 04), 2 do Sport (1977 e 80) e 1 do Salgueiro (2020). Observando outras competições, já ocorreram as decisões da Série C (1981 e 2013) e da Série D (2011), além da semifinal do Brasileirão de 1975, em jogo único entre Santa e Cruzeiro, com o time mineiro vencendo por 3 x 2 no finzinho – um dos gols sob contestação até hoje, por impedimento. Também vale citar jogos como a ida da final da Copa do Nordeste de 2016 e o jogo do acesso na Série B de 2005. Em ambos os casos, deu Santa.

9) Mais de 1,5 mil jogos como mandante no Arruda

Fundado em 1914, o Santa Cruz perambulou bastante até fincar raízes no Arruda. Antes, a sua sede mais conhecida havia sido em Afogados, onde chegou a ter um campo. Em sua verdadeira casa, considerando todas as eras do Arruda, do Alçapão ao Colosso, foram 1.577 jogos do Santa Cruz entre 15 de junho de 1943 (Santa 6 x 2 Íris) e 22 de maio de 2022 (Santa 2 x 1 CSE). Ao todo, somando competições oficiais e amistosos, os tricolores tiveram 932 vitórias (59,0%), 377 empates (23,9%) e 268 derrotas (16,9%). Isso corresponde a um aproveitamento de 67,0% dos pontos.

10) O futuro do Arruda quase chegou em 2007

Há 15 anos, por pouco o Arruda não passou por uma nova transformação. Com o Brasil confirmado como sede da Copa do Mundo de 2014, começaram a brotar projetos de arenas país afora. No Recife, que seria uma sede natural, surgiram logo dois após o anúncio da Fifa, com a Arena Recife-Olinda em maio de 2007 e a Arena Coral em junho de 2007. No caso do Santa, o plano de modernização do Arruda seria 43% mais barato que a obra no bairro de Salgadinho (R$ 335 milhões x R$ 190 milhões). A capacidade seria ampliada para 68.500 cadeiras, a partir da elevação do anel superior na Rua das Moças. Porém, o governo do estado alegou a inviabilidade do projeto tricolor e apresentou outra alternativa em fevereiro de 2009, a Arena Pernambuco. Curiosidade: hoje, a correção do valor para a modernização do Arruda, através da calculadora do Banco Central, daria R$ 455 milhões. Ainda mais barato que o estádio erguido em São Lourenço.

Abaixo, um álbum mostrando a evolução do Arruda, antes mesmo de o bairro ser um bairro.

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