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Os primeiros escudos da história de Sport e Santa Cruz, relembrados em camisas especiais.

O Clássico das Multidões foi disputado pela primeira vez em 6 de maio de 1916, em um amistoso no antigo campo do British Club, num terreno hoje ocupado por parte do Museu do Estado. O futebol já era algo presente na capital pernambucana há pelo menos uma década, mas os jogos ainda eram bem espaçados.

Hoje, tanto Sport quanto Santa Cruz têm mais de 5 mil partidas disputadas, mas aquele duelo pioneiro significou apenas o 35º jogo do rubro-negro e o 30º do tricolor. O confronto ocorreu 27 anos antes do surgimento da alcunha massiva, mas já como destaque entre os interessados pelo novo esporte. E assim deu início a uma das maiores rivalidades do país, com mais de 500 clássicos disputados, sendo o 12º duelo mais antigo.

Nesta publicação, trago o texto original do Diario de Pernambuco sobre a partida, num relato publicado somente dois dias depois da peleja. A primeira impressão é de um texto repleto de erros de português (trenos, annunciado, defezas, logar), mas era a grafia da época, também pontuada por inúmeras expressões em inglês para descrever o “football”.

A vitória leonina por 2 x 0, com dois gols de Briant, aconteceu pouco depois da inscrição do uniforme coral do Santa na liga pernambucana, em 26 de março de 1916. Até então, o clube era alvinegro, enquanto os rubro-negros ainda usavam o modelo vertical – reeditado pela última vez em 2015. Naquele mesmo ano os clubes ainda se enfrentaram mais duas vezes, com um empate sem gols em 14 de julho e uma goleada do Sport em 24 de dezembro. O leão fez 4 x 1 na decisão do Estadual, sendo a primeira das 24 finais disputadas no primeiro século do clássico, com 12 x 12 em títulos. De treino (ou “treno”) à final, a evolução foi ligeira…

“Foot-ball”
“Os trenos entre os clubs da Liga Pernambucana”
“Sport versus Santa Cruz”

“Como fôra annunciado, realizou-se na tarde de ante-hontem o treno entre os primeiros teams do Sport Club do Recife, da divisão B, e o Santa Cruz F. C., da divisão A. O team rurbro-negro entrou em campo desfalcado apenas de Genaro, out-side left, sendo substituído por J. Reynolds, half left. Nesse logar jogou Leite, do 2º team. O conjunto tricolor apresentou-se sem o back A. Reis e sem o center forward José Tasso, que foram respectivamente substituídos por Nelson e Martiniano, do 2º team”.

“O jogo foi rápido e bastante animado, notando-se no entanto ao terminar, uma certa falta de coragem por parte do team do Santa Cruz, por outro lado notou-se a actividade extraordinária do center do Sport, Briant, que na nossa opinião continua a se collocar no primeiro plano entre os nossos players atacantes. Dois fortíssimos shoots seus corresponderam a dois goals marcados para a sua equipe. O back santacruzense Mangabeira defendeu seu posto na altura. Ilo fez, como sempre, boas defezas. Nunca julgamos, no entanto, que deixasse passar aquelle primeiro shoot de Briant”.

“O jogo poderia ter tido o resultado de 2 a 1 si o referee Arruda tivesse visto a bola tocada pelo keeper do Sport, Cavalcanti, no goal marcado pelo Santa Cruz. Si Arruda visse, podemos afirmar, daria goal. O Sport envida todos os esforços para infligir a derrota no Club Náutico. Inflingirá? Só poderemos responder no dia deste, data marcada para o melhor match deste anno: Náutico versus Sport”.

Links das primeiras notícias sobre o Clássico dos Clássicos (1909) e o Clássico das Emoções (1917).

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