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Joaquim foi de 151 votos em 2012 para 660 em 2021, agora vitorioso. Foto: Santa Cruz/Twitter.

Numa eleição adiada duas vezes e marcada por um forte sentimento de mudança, junto à torcida, a oposição voltou a eleger um presidente no Santa Cruz. Na política majoritária, isso é algo bem presente. Já no futebol é raro. Tanto que esta é apenas a segunda vez na história tricolor, já centenária. A única vez até então havia sido com Edson Nogueira, há 14 anos. Agora é a vez de Joaquim Bezerra, de 57 anos, que vai comandar o clube pelas próximas três temporadas, de 2021 a 2023.

Este foi o segundo pleito disputado por Bezerra, oposicionista nas duas vezes. Em 2012, perdeu para Antônio Luiz Neto, um cacique coral com influência na situação até hoje – ou até antes deste resultado. Naquela ocasião, ele só teve 8% dos votos. Desta vez, após dois anos de preparação com o grupo “ProSanta”, chegou como favorito, até mesmo pelos resultados ruins do time na gestão de Constantino Júnior, que seguiu na Série C, apesar do esforço, além da barreira no Conselho Deliberativo sobre reforma do engessado estatuto. Sobre “favoritismo” entenda como “força popular”, mas não necessariamente sobre o voto. Afinal, sempre foi uma missão difícil vencer a máquina da situação num clube de futebol, mesmo sendo popular.

Embora seja um clube de massa, com cerca de 2 milhões de torcedores, segundo a última pesquisa do Datafolha, o corpo eletivo do Santa foi mínimo desta vez. Do reduzido quadro atual, apenas 1.717 sócios estavam aptos a votar. E apenas 1.032 compareceram no dia – foi o menor número entre as eleições com mais de uma chapa. Ou seja, a importância de cada convencimento seria determinante. Numa eleição de 10 horas (geralmente são 7), a disputa foi polêmica como se esperava, tendo questionamento até sobre sócios aptos e/ou reais.

Na apuração das 17 urnas, entretanto, veio o recado, com a escolha de uma via alternativa. Joaquim teve 63,9%, com ampla vantagem sobre Roberto Freire (35,9%), o nome escolhido para encabeçar a situação – e que já havia sido uma mudança de última hora, pois inicialmente seria Osmundo Bezerra. Josenildo Dody, o outro oposicionista inscrito, acabou declarando apoio a Bezerra durante a tarde no Arruda e teve apenas 1 voto – e não foi o dele.

Ao Santa Cruz, fica o desejo para que o pleito marque mesmo o resgate do clube, há alguns anos oscilando entre R$ 15 mi e R$ 20 milhões de receita, bem abaixo dos rivais regionais. O trabalho obviamente não se sustenta apenas pela saída da “situação” – obviamente, este papel agora é o de Joaquim. Em 2007/2008, a gestão de Edson Nogueira foi um fiasco, com dois rebaixamentos seguidos, sendo apontado como a pior biênio do clube. O único paralelo disso com o presente é a origem oposicionista, só. Politicamente, a costura desta vez foi muito maior, tanto em engajamento quanto em organização, uma simbiose necessária. Agora, então, é a hora da prática, com o apoio da torcida. A torcida é o Santa Cruz, queiram ou não…

A seguir, alguns dos pontos sobre o novo mandatário coral. Confira a sabatina completa de Joaquim Bezerra ao site NE45 clicando aqui.

1) O novo presidente estima uma folha de R$ 400 mil para o futebol profissional, somando elenco e comissão técnico. É um patamar pouco abaixo ao do último ano da gestão de Constantino Júnior, na casa de R$ 450 mil. Sem bilheteria, devido à pandemia, deverá ser difícil passar disso.

2) Como promessa de campanha, a ideia da nova gestão de convocar imediatamente a Assembleia Geral para votar a reforma estatutária, travada há meses no Conselho Deliberativo.

3) Outro projeto é ampliar o quadro de sócios de 3 mil adimplentes, o cenário atual, para pelo menos 15 mil associados em dia já no primeiro ano de mandato. Além disso, o dirigente pretende estender o direito a voto a todas as categorias. Medida importante. A conferir.

4) O plano de trabalho visa mais investimentos no CT Rodolfo Aguiar, em Aldeia – cujo crescimento vem baseado em doações. Para isso, pretende de 70% a 80% do valor da desapropriação do CT Waldomiro Silva, cerca de R$ 10 milhões.

5) A permanência do técnico Marcelo Martelotte ainda será definida pela nova direção. Aqui, vale a curiosidade sobre 2012, cuja chapa de Joaquim projetava a contratação de Waldemar Lemos.

Composição da chapa ProSanta (eleita)
Presidente executivo – Joaquim Bezerra
Vice executivo – André Frutuoso
Presidente do Conselho Deliberativo – Mário Godoy
Presidente da Comissão Patrimonial – Thomaz de Aquino
Comissão Fiscal – Eduardo Petribú, Edgar de Assis e Cristian Pedrosa

Os maiores bate-chapas no Arruda (e os eleitos)
1º) 2.781 votos – 1982 (Vanildo Aires; 75%, situação)
2º) 1.787 votos – 2012 (Antônio Luiz Neto; 91%, situação)
3º) 1.435 votos – 2010 (Antônio Luiz Neto; 79%, situação)
4º) 1.405 votos – 2006 (Edson Nogueira; 52%, oposição)
5º) 1.387 votos – 1975 (José Nivaldo; 86%, situação)
6º) 1.337 votos – 2004 (Romerito Jatobá; 66%, situação)
7º) 1.252 votos – 2017 (Constantino Júnior; 64%, situação)
8º) 1.032 votos – 2021 (Joaquim Bezerra; 63%, oposição)

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