O revés em 9 de dezembro impactou profundamente no caixa. Foto: Pedro Chaves/AGIF, via CBF.
Num período relativamente curto, o Bahia viveu uma reviravolta econômica no pior sentido. O orçamento do clube para a temporada de 2021 foi apresentado com o Brasileirão de 2020 na 36ª rodada. Como havia risco de queda, a direção lançou dois números, de R$ 171,9 mi para Série A e de R$ 108,5 mi para a Série B. Ou seja, permanecer ou não valia R$ 63,4 milhões, que chamou a atenção para o jogo decisivo contra o Fortaleza. Pois o time foi ao Castelão, goleou e ficou na elite.
Numa temporada futebolística apertada, esse jogo aconteceu já em fevereiro, com a competição atravessando o ano. Agora, em dezembro, mais um orçamento, para 2022. E consolidado, pois o Brasileirão de 2021 já havia acabado, com o jogo decisivo sendo novamente na capital cearense e diante do mesmo adversário. Desta vez, derrota de virada e rebaixamento após cinco anos. Considerando o cenário anterior, a queda na receita do bruta do Baêa já era algo certo. Pois no papel foi pior, com a cota no BR saindo de R$ 49,9 milhões para uma cota fixa de R$ 8,4 milhões – dados já presentes no novo relatório do clube.
Em 2022, na segunda divisão, o clube prevê um faturamento de R$ 95,696 milhões entre janeiro e dezembro, com a soma todas as frentes possíveis (cota de TV, vendas de direitos econômicos, sócios, produtos oficiais etc). Portanto, o valor sofreu uma queda de R$ 76,233 milhões em relação orçamento anterior, quando esteve na primeira divisão – valendo o adendo de que algumas receitas foram pagamentos “atrasados” de 2020.
Considerando os 20 participantes da pesada Série B que vem aí, o clube de Salvador tende a projetar o 4º maior orçamento, ficando só abaixo de Grêmio, Cruzeiro e Vasco, os únicos acima de R$ 100 milhões – o tricolor gaúcho já divulgou uma cifra de R$ 294,5 mi, enquanto a raposa se transformou numa S/A e acabou de ser comprada por Ronaldo Fenômeno. Numa comparação com o Sport, por exemplo, o clube leva boa vantagem, com 95 mi x 59 mi. E tal vantagem, observando apenas as receitas, fica “ótima” em relação aos demais adversários.
Planejamento tricolor em 2022: vendas e renegociações
Segundo o plano traçado pelo clube, que o blog teve acesso, um dos principais pontos para alavancar a nova receita é através a venda de direitos econômicos de atletas. Mesmo com a queda, a previsão subiu R$ 2 milhões, chegando a R$ 27 mi. A explicação se deve à receita realizada de fato neste quesito, pois o clube faturou R$ 45 milhões em vendas – o dado preciso será divulgado no demonstrativo contábil de 2021, a ser divulgado até abril de 2022. Ou seja, o clube trata o orçamento como “conservador”. Para isso, precisará fazer entre três e seis vendas. A projeção foi “baseada em consultas recebidas e negociações em curso”. Outra questão, aí para sustentar o custo, será a “renegociação de contratos visando adequar o clube à nova realidade de receitas”. Falando nisso, o clube deverá gastar R$ 81,7 milhões durante a temporada, com 49% disso (40 mi) em “despesas de pessoal”, com salários do futebol, por exemplo.
As diferenças nas principais previsões* de 2021 (na A) para 2022 (na B), em R$
Direitos de TV* – de 62,8 mi para 16,3 mi (-46,5)
Venda de atletas – de 25,0 mi para 27,0 mi (+2,0)
Mensalidade de sócios – de 25,8 mi para 14,0 mi (-11,8)
Patrocínio/marketing – de 14,3 mi para 12,6 mi (-1,7)
Bilheteria – de 0 para 10,9 mi (+10,9)
Loja Esquadrão – de 9,3 mi para 9,4 mi (+0,1)
* Soma de participação/premiação/PPV de todas as competições de cada ano
Bahia perde status de maior receita do NE
Num levantamento a partir dos orçamentos de cada clube, e não especificamente sobre a receita realizada ao fim do ano, esta é a primeira vez em seis anos que o Bahia não começa a temporada com o maior potencial econômico na região. Com R$ 95,6 mi, na verdade caiu logo para o 3º lugar, sendo superado por Ceará (163 milhões; +68,1 mi) e Fortaleza (141 milhões; +45,3 mi), os únicos nordestinos na Série A de 2022. Também é a primeira vez em cinco anos que o clube lança uma estimativa abaixo de R$ 100 milhões, embora o valor nominal seja maior que o da última participação na segundona, em 2016. Ali, o clube orçou R$ 83 milhões – porém, corrigindo esse valor via IGP-M, através da calculadora do Banco Central, o dado atual seria de R$ 146 mi.
A evolução da previsão orçamentária do Bahia
2016 (B) – R$ 83.000.000
2017 (A) – R$ 99.000.000 (+19,2%)
2018 (A) – R$ 119.759.757 (+20,9%)
2019 (A) – R$ 143.721.395 (+20,0%)
2020 (A) – R$ 179.035.232 (+24,5%)
2021 (A) – R$ 171.929.000 (-3,9%)
2022 (B) – R$ 95.696.000 (-44,3%)
As maiores previsões orçamentárias do NE (valores nominais; + 100 mi)
1º) R$ 179,03 milhões – Bahia (2020)
2º) R$ 171,92 milhões – Bahia (2021), caiu
3º) R$ 163,86 milhões – Ceará (2022)
4º) R$ 151,97 milhões – Ceará (2021)
5º) R$ 143,72 milhões – Bahia (2019)
6º) R$ 141,09 milhões – Fortaleza (2022)
7º) R$ 119,75 milhões – Bahia (2018)
8º) R$ 113,70 milhões – Fortaleza (2021)*
9º) R$ 109,07 milhões – Fortaleza (2020)
10º) R$ 108,38 milhões – Sport (2018), caiu
11º) R$ 102,00 milhões – Vitória (2018), caiu
12º) R$ 100,42 milhões – Ceará (2020)
* Posteriormente reajustado para R$ 94,6 mi, sem bilheteria
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