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Ladeado por um alvirubro e um rubro-negro, Ronaldo agora será adversário dos dois em 2022.

Por R$ 400 milhões, o pentacampeão mundial Ronaldo Fenômeno adquiriu 90% das ações da recém-criada Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro. O inédito modelo de clube-empresa no país, ao menos nesses moldes e num clube deste peso, é uma tentativa de recuperação da raposa, cuja associação, a estrutura clássica do clube, já teria um passivo de R$ 1 bilhão.

Com o negócio, que só pôde ser efetuado após uma conturbada votação interna no clube para possibilitar a mudança de CNPJ, a SAF passa a deter todos os ativos da “antiga” instituição, como direitos econômicos de atletas e até mesmo a presença em competições – no caso, na pesada Série B de 2022, com o time mineiro indo para a terceira participação consecutiva.

Através de empresa Tara Sports, com Ronaldo Nazário à frente, o investimento divulgado pelo Cruzeiro será feito nos próximos anos, e não só de uma vez – é bom deixar isso claro. Além de investimentos no elenco profissional, tende a haver a quitação de débitos pesados de curto prazo, sobretudo aqueles que inviabilizam a gestão do futebol, caso da punição de Fifa, que veta inscrições de reforços devido a uma pendência internacional de R$ 15 milhões. Por sinal, 20% da receita da SAF, de acordo com regra brasileira, precisa ir para as pendências da associação – sem esta obrigação, a chance de calote na associação ficaria bem sugestiva. Sobre a pergunta no título, o próximo tende a ser o Botafogo, logo. E depois? A conferir.

A seguir, cinco tópicos com curiosidades sobre o negócio concretizado em Belo Horizonte, sobre o presente empresarial de Ronaldo e hipotéticas situações do tipo no Nordeste…

1) O plano imediato de investimentos
De acordo com a XP Investimentos, que intermediou por semanas o contato entre Ronaldo e o Cruzeiro, a “transação vislumbra o reequilíbrio financeiro e operacional do departamento de futebol do clube, com um plano de crescimento sustentável de médio e longo prazo”. A partir disso, então, o investidor passa a ter a possibilidade de retorno, o objetivo-base de quem vai colocar dinheiro no futebol, evidentemente. No caso, com as futuras negociações de atletas – mesmo em péssima fase, o Cruzeiro possui uma marca de muita força no mercado de exportação.

2) Mercadoria lá atrás, comprador hoje
Essa negociação é um grande “plot twist” no futebol. Afinal, em 1994 o então atacante de 17 anos foi vendido pelo Cruzeiro para o PSV da Holanda. A transação foi firmada por US$ 6 milhões, uma dos maiores da época. Passados 27 anos, Ronaldo, ex-jogador consagrado e hoje um empresário de 45 anos com fortuna estimada em US$ 160 milhões (cerca de R$ 912 mi), comprou o Cruzeiro. Por sinal, nem é a primeira vez do Fenômeno neste ramo. Em 2018 ele adquiriu 51% das ações do Valladolid, da Espanha. Na ocasião, pagou 30 milhões de euros para virar sócio majoritário. O time disputou a 1ª divisão (La Liga) em 2020/2021, mas acabou rebaixado em 19º lugar (5V, 16E e 17D).

3) Curiosidade: Quem faria algo do tipo no Nordeste?
A partir da surpreendente aparição de Ronaldo no Cruzeiro, vale traçar – como curiosidade – um paralelo entre jogadores endinheirados e revelados por clubes do Nordeste. Quem poderia ser um “comprador” nesses moldes? Algumas “sugestões”: Daniel Alves no Bahia, Bebeto (ou Hulk) no Vitória, Juninho Pernambucano no Sport, Rivaldo no Santa Cruz… Exceção feita a Bebeto, todos passaram pouco tempo, como Ronaldo em BH. Em tempo: não há qualquer movimentação do tipo entre os principais nomes do NE, sobretudo porque a SAF não é sinônimo de solução – embora só apareça com o time no fundo do poço. É apenas um modelo de negócio, que, dependendo da operação, pode sair de forma bem insatisfatória como qualquer outro. E o passado ensina.

4) Ba-Vi já passou pela S/A. Sem saudade
Em Salvador, Bahia e Vitória criaram modelos do tipo, ambos em 1998. Na ocasião, ambos cederam mais de 50% de suas ações para a gestão do futebol, mas acabaram voltando atrás anos depois, após problemas com investidores (e choque de ideias). No caso do Bahia S/A, o clube readquiriu parte das ações junto à Ligafutebol, empresa do Grupo Opportunity, tendo hoje 65% das 18 mil ações. Há 6 anos a S/A tricolor não tem qualquer atividade operacional, com o “EC Bahia” honrando os débitos da S/A – apesar de uma cobrança na Justiça que pode chegar a R$ 100 milhões. Já o leão baiano demorou uma década para readquirir as ações do Exxel Group. Em ambos os casos, com resultados insatisfatórios, há discussão sobre o passivo gerado.

5) Santa Cruz S/A quase saiu em 2008
O Santa Cruz quase entrou neste modelo de negócio em 2008, após o rebaixamento à Série D – cujo o desempenho no BR foi repetido em 2021. Naquela vez, o clube viu a aproximação de Fernando Bezerra Coelho, que assumiu a presidência de um esfacelado tricolor. Além da reforma do Arruda, que de fato saiu, o político/dirigente visava a criação de uma sociedade anônima para gerir o futebol do clube. O Santa Cruz S/A seria feito através de cotas de investimentos, largando com R$ 25 milhões. Na época, FBC chegou a dizer que o clube já havia fechado três cotas de R$ 500 mil – assim, teria mais um ano para captar R$ 23,5 mi. O fundo de investimentos teria duração de dez anos, com prorrogação de mais cinco, mas não saiu do papel, com as cotas iniciais desfeitas.

Em tempo: a foto no alto do post foi feita dois dias antes do anúncio oficial em BH. Ronaldo promoveu um evento em SP com gente do futebol, como o novo vice-presidente executivo do Náutico, Luiz Felipe Figueiredo, e o vice de marketing do Sport, Eduardo Arruda. Foi uma coincidência daquelas, mas ali já havia o zum-zum-zum de que o Fenômeno estava em busca de um clube da Série B. Agora, esta foto conta com três adversários no Brasileiro de 2022…

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