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A evolução das divisões do Santa Cruz no Século XXI. Uma montanha-russa surreal.

O Santa Cruz está rebaixado à Série D, mais uma vez. Com apenas 22% de aproveitamento em 16 rodadas no campeonato nacional de 2021, ocupando a lanterna do grupo, o tricolor caiu com dois jogos de antecedência. Foi superado por Floresta (cujo empate na abertura da 17ª rodada definiu a queda), Altos e Jacuipense, clubes de porte muito abaixo e de torcida incomparável, mas que em campo foram bem melhores. Aliás, da forma como o futebol coral foi feito, seria difícil não ser.

Em sete meses sob a gestão de Joaquim Bezerra, recém-eleito, foram 41 contratações, contando nos dedos quem apresentou um potencial técnico minimamente aceitável, a reboque de nomes de pouquíssima qualidade técnica (Adriano Michael Jackson, Julinho etc), e 4 técnicos de perfis diferentes, todos com dificuldade para montar um conjunto.

Esta queda, lenta e dolorosa, culmina possivelmente no pior ano futebolístico na vida do clube do Arruda, em termos de resultado e desempenho. Essa comparação, lembrando, parte 1914. O time foi lanterna na Copa do Nordeste, está na lanterna na 3ª divisão do Campeonato Brasileiro, não chegou à final do Estadual, quando correu sério risco na primeira fase, e ainda acabou eliminado precocemente na Copa do Brasil, numa atuação lamentável no Paraná.

Em 37 jogos, somando as quatro competições, foram apenas 7 vitórias, chegando a ficar quatro meses sem um triunfo sequer em casa. Ao todo, até esta publicação, teve 7V, 10E e 20D, com 27,9% de aproveitamento, o pior do clube numa temporada, num levantamento do perfil SantaStats. Então, dito isso, o rebaixamento é merecido. Em relação ao desempenho técnico.

Não para a torcida, que nem pôde cumprir o seu papel de apoiar na arquibancada, devido à pandemia. Só pôde acompanhar de fora à derrocada, com a debandada da direção, em diversas áreas do clube (futebol, conselho, marketing, etc), e com queixas públicas, como na saída de Alexandre Gallo, que ficou apenas 13 dias no comando – sim, 13 dias. Em 26 de abril, o técnico afirmou o seguinte: “Eu acredito que com todo investimento do mundo ele vai demorar uns seis meses para trazer uma condição mínima de trabalho aos profissionais que aqui existem”. Por mais absurdo que tenha sido aquela declaração, ainda mais por ter sido num comunicado divulgado pelo próprio Santa, o contexto não estava tão equivocado.

Mesmo com uma folha de R$ 500 mil, bem acima da média na competição, faltou o básico de qualidade ao clube, que volta a disputar a 4ª divisão após 11 anos, apresentando o último degrau do futebol a uma nova geração de torcedores – afinal, esta é a segunda queda da Série A para a Série D em apenas 15 anos, algo inédito e bizarro. Aquela mancha entre 2009 e 2011 poderia ter servido de aprendizado, mas não adiantou frente a tamanha incompetência na (re) montagem forçada do elenco neste primeiro ano com o ProSanta à frente, tendo como única contrapartida a aprovação do estatuto, peça importante, de fato, mas cuja aplicação precisa ser num clube viável. Na Série D será muito difícil. Vexame histórico, Santa Cruz.

Sobe/Desce no Campeonato Brasileiro
Neste século, o Santa disputou a Série A, o objetivo principal, em apenas três oportunidades. E caiu nas três. No geral, oscilando entre as divisões de acesso, as maiores sequências, com quatro anos, foram na B (2002-2005) e na C (2018-2021), com este segundo caso mudando pra pior. Já considerando “2022”, eis as divisões do tricolor no Século XXI: 3x Série A, 8x Série B, 7x Série C e 4x Série D. Num outro recorte, a partir da primeira vez em que ficou fora das duas principais divisões, em 2008, a lista fica assim: 1x Série A, 3x Série B, 7x Série C e 4x Série D. Ou seja, em 11 dos últimos 15 anos o tricolor não ficou sequer entre os 40 principais clubes do país. Um problema enraizado.

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As divisões do Santa Cruz no Campeonato Brasileiro no Século XXI
2001 – Série A (25º, rebaixado)
2002 – Série B (3º)
2003 – Série B (8º)
2004 – Série B (7º)
2005 – Série B (2º, acesso)
2006 – Série A (20º, rebaixado)
2007 – Série B (18º, rebaixado)
2008 – Série C (29º, rebaixado)
2009 – Série D (28º)
2010 – Série D (14º)
2011 – Série D (2º, acesso)
2012 – Série C (14º)
2013 – Série C (1º, acesso)
2014 – Série B (9º)
2015 – Série B (2º, acesso)
2016 – Série A (19º, rebaixado)
2017 – Série B (18º, rebaixado)
2018 – Série C (7º)
2019 – Série C (13º)
2020 – Série C (5º)
2021 – Série C (rebaixado*)
2022 – Série D (a disputar)
* Posição a definir, entre 17º e 19º

O histórico do Santa Cruz na Série D
30 jogos em 3 edições (35 GP e 29 GC, +6)
12 vitórias
10 empates
8 derrotas
51,1% de aproveitamento

Nº de participações pernambucanas na Série D de 2009 a 2022 (36 vezes; 14 clubes)
1º) 11x – Central
2º) 4x – Salgueiro e Santa Cruz
4º) 3x – América
5º) 2x – Afogados, Porto, Serra Talhada e Ypiranga
9º) 1x – Atlético, Belo Jardim, Flamengo de Arcoverde, Petrolina, Retrô e Vitória


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