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O gráfico com a evolução das receitas e das pendências do carcará sertanejo nesta década.

Em campo, o Salgueiro não teve um rendimento muito proveitoso em 2019. O time até foi semifinalista no Campeonato Pernambucano, mas perdeu a vaga na Copa do Brasil (e uma cota de R$ 540 mil) numa derrota em casa para o Afogados, na decisão de 3º lugar, e na volta à Série D, após o descenso, foi eliminado na segunda fase, sofrendo um gol aos 48 minutos do segundo tempo. Em termos contábeis, entretanto, o clube registrou o maior faturamento de sua história – com a divulgação só agora, quatro meses após o prazo, devido à pandemia. Na verdade, foi também o maior de todo o interior pernambucano considerando o Plano Real.

Até então, a maior receita total do carcará havia sido registrada em 2013, com R$ 4,9 milhões, número já considerável levando em conta os clubes intermediários – ou R$ 370 mil/mês, já calculando 13º e férias na divisão. Pois não é nem metade da nova marca. Em 2019, o clube divulgou uma receita de R$ 11,4 milhões! Somando borderô (R$ 80 mil), patrocínios privados (R$ 60 mil), loteria esportiva (R$ 33 mil), divulgação da prefeitura de Salgueiro (R$ 200 mil), venda de jogadores (R$ 9,84 milhões) e outras receitas (R$ 1,26 mi). Nota-se que o apurado veio, de fato, da negociação de atletas, que correspondeu a 85% do total. Isso fez com que a evolução no faturamento anual saltasse 343% de 2018 para 2019, muito acima do normal.

Quantas vendas o clube fez? Quem são esses jogadores? Me chamou a atenção um valor desse quase sem alarde. Entrei em contato com o presidente do Salgueiro, José Guilherme, que me explicou a situação. Foram duas negociações, com R$ 9,245 milhões só com o atacante Patric, comprado pelo Sanfrecce Hiroshima. O jogador de 32 anos já estava atuando no Japão, com o repasse de 1,5 milhão de euros após a nova transferência. Entretanto, na prática, pouco ficou com o carcará – daí a expressão “em termos contábeis” no início do texto.

O ganho real nas vendas
Segundo o dirigente, o clube teve direito a apenas 5%. Ou R$ 462 mil, com o restante sendo repassado a investidores – lembrando que a regra da Fifa não libera mais o fatiamento dos direitos econômicos com empresários e grupos financeiros, daí o fato de o clube contabilizar toda a venda, o que ocorreu. Na prática, a ida do também atacante Laércio ao Cruzeiro, por R$ 600 mil, rendeu mais ao clube. Somando os dois nomes, R$ 1 milhão. Desde já, fica a curiosidade sobre o próximo balanço financeiro, com o clube encerrando a década como campeão estadual. À parte do recorde contábil, com o clube sendo meramente uma “ponte”, seria mais interessante uma verba efetiva.

Abaixo, um comparativo sobre três frentes importantes para a composição da receita no futebol profissional, considerando os últimos três balanços do Salgueiro – e as respectivas séries nacionais.

Renda nos jogos
2017 (C) – R$ 302.112
2018 (C) – R$ 90.709
2019 (D) – R$ 80.661

Venda de atletas
2017 (C) – R$ 1.217.500
2018 (C) – R$ 558.493
2019 (D) – R$ 9.845.000

Prefeitura de Salgueiro
2017 (C) – R$ 400.000
2018 (C) – R$ 400.000
2019 (D) – R$ 200.000

A seguir, o histórico de receitas do Salgueiro na década. O novo balanço foi o primeiro acima de R$ 10 milhões. Antes, oscilando entre R$ 2,5 mi e R$ 4,9 mi, já tinha a maior receita do interior. Sobre o resultado, terminou com saldo positivo (superavit) em cinco dos nove anos, incluindo 2018 e 2019

Faturamento do Salgueiro (receita total)
2011 (B) – R$ 4.259.967
2012 (C) – R$ 3.732.526 (-12,3%; -0,52 mi)
2013 (D) – R$ 4.922.641 (+31,8%; +1,19 mi)
2014 (C) – R$ 2.858.720 (-41,9%; -2,06 mi)
2015 (C) – R$ 3.644.101 (+27,4%; +0,78 mi)
2016 (C) – R$ 3.089.590 (-15,2%; -0,55 mi)
2017 (C) – R$ 2.973.039 (-3,7%; -0,11 mi)
2018 (C) – R$ 2.587.191 (-12,9%; -0,38 mi)
2019 (D) – R$ 11.484.484 (+343,8%; +8,89 mi)

Resultado do exercício (superavit/déficit)
2011 (B): +636.973
2012 (C): +159.424
2013 (D): +1.205.535
2014 (C): -550.754
2015 (C): -219.734
2016 (C): -117.182
2017 (C): -386.653
2018 (C): +753.925
2019 (D): +861.638

Evolução do passivo do clube (circulante + não circulante)
2011 (B) – R$ 1.547.938
2012 (C) – R$ 1.282.280 (-17,1%; -265 mil)
2013 (D) – R$ 384.210 (-70,0%; -898 mil)
2014 (C) – R$ 904.824 (+135,5%; +520 mil)
2015 (C) – R$ 1.086.982 (+20,1%; +182 mil)
2016 (C) – R$ 1.008.381 (-7,2%; -78 mil)
2017 (C) – R$ 1.311.899 (+30,0%; +303 mil)
2018 (C) – R$ 652.139 (-50,2%; -659 mil)
2019 (D) – R$ 429.244 (-34,1%; -222 mil)

Links dos balanços: 2010-2011-2012, 2013-2014-2015, 2016-2017 e 2018-2019.

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