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O presidente da CBF, Rogério Caboclo, ainda não abriu o cofre. Foto: Lucas Figueiredo/CBF.

Em 2019, de janeiro a dezembro, a Confederação Brasileira de Futebol registrou uma receita de R$ 957 milhões, com superávit de R$ 190 milhões. Ambos os números foram os maiores da entidade na divulgação de um balanço financeiro. Com a paralisação do futebol em março de 2020, devido à crise do Coronavírus, a CBF passou a receber pedidos de ajuda por parte dos clubes.

Além da suspensão das competições, atendendo à necessidade de isolamento social, a única decisão nessas três semanas sem futebol foi isentar os clubes de taxas de registro de contratos e transferências. A estimativa é que isso gere uma economia de R$ 1,3 milhão por mês. Quase irrelevante para o tamanho do problema dos clubes – e para a capacidade econômica da CBF.

Tomando o período de três meses, o mínimo estipulado para a resolução desta crise, entre março e maio, a isenção resultaria numa economia de R$ 3,9 milhões, ou 2% do último superávit. A percepção sobre a lentidão da CBF neste assunto, em relação aos seus filiados, aumenta quando o seu histórico financeiro é exposto com os 13 anos consecutivos terminando no azul. Ao todo, R$ 838 milhões de superávit acumulado – sem considerar a correção inflacionária. O dinheiro existe, há tempos. Quase sempre direcionado às federações.

A seguir, alguns pedidos feitos pelos clubes até o momento. Por enquanto, as Séries A e B, de uma forma geral, seguem negociando diretamente com os jogadores, visando uma redução salarial no período, com pagamento a partir da própria receita. Até quando?

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Série C
A terceirona, cujo contrato de transmissão pela DAZN serve apenas para o custeio do torneio, seria ampliada em 2020, com 12 dos 20 clubes podendo jogar ao menos 24 jogos, em vez de 18, o total na primeira fase. Por isso, a renda dos jogos continuaria sendo a base da competição. Em carta, com o pedido unânime, eles pedem R$ 250 mil por mês, para cada um, durante a paralisação das atividades – ao todo, uma ajuda de R$ 5 milhões/mês. Como o pedido visa um período de 3 a 6 meses, o aporte ficaria entre R$ 15 mi e R$ 30 milhões. O documento foi protocolado em 2 de abril.

Clubes da 1ª divisão dos Estaduais
O documento, divulgado em 31 de março, teve a assinatura de 142 clubes de 24 estados, incluindo Pernambuco, com sete nomes (Afogados, Decisão, Petrolina, Retrô, Salgueiro, Santa Cruz e Vitória). À parte dos poucos clubes das Séries B (Oeste-SP) e C (o próprio Santa), a maioria está na Série D ou mesmo sem divisão nacional. Os clubes pleiteiam junto à CBF uma ajuda de R$ 75 mil, para cada um, por pelo menos três meses, “para atender à situação de emergência alimentar pela qual passam nossos atletas, CTs, funcionários, comissão técnica e seus familiares”. Portanto, o aporte mensal seria de R$ 10,65 mi. Pelo período mínimo solicitado, R$ 31,95 milhões. Entretanto, a carta falaria por cerca de 250 times brasileiros. Neste caso, o valor por 90 dias seria de R$ 56,25 milhões.

Abaixo, observações do blog sobre os pedidos e o dinheiro da CBF, segundo dados oficiais.

Cenário hipotético, ao alcance da CBF
Considerando o período máximo proposto, o valor máximo proposto e o número máximo de times nas duas cartas, a CBF desembolsaria R$ 93,9 milhões durante 6 meses, atendendo a 162 clubes – ou R$ 15,65 mi por mês, um valor 12x maior que a ajuda atual, de R$ 1,3 mi. Isso corresponderia a 49,4% do último superávit ou 11,2% dos últimos 13 anos (sem a correção!). Essa conta, primária, mostra apenas que há lastro suficiente para uma ajuda bem superior à isenção de taxas. Ampliando o cálculo para 270 times (!), levantando em conta os 250 clubes possíveis na carta dos participantes dos campeonatos estaduais e os 20 inscritos na Série C, o investimento da confederação num semestre seria de R$ 142,5 milhões, ou 75% do último superávit.

Pedidos podem aumentar. A inércia, não
Ao todo, o Brasil tem 874 clubes profissionais em atividade. Logo, outros tantos precisariam de ajuda e até mesmo as agremiações das duas principais divisões, já num patamar diferente – e esta conta tende a chegar ainda mais alta caso os contratos (de patrocínio e tevê) sejam suspensos. Cabe à CBF tentar solucionar esta equação. Fica a expectativa para que a resposta não tenha sido justamente a isenção, válida, mas claramente insuficiente. Por sinal, qual cenário seria necessário para que a entidade abrisse o caixa-forte? O atual parece ser um dos mais graves… Nem assim?

Atualização, com verba dinheiro liberado pela CBF (não muito)
A CBF informou, enfim, a primeira ajuda efetiva, com R$ 19,12 milhões, visando clubes das Série C e D do Campeonato Brasileiro Feminino de 2020. Contudo, bem abaixo dos pedidos feitos. Na 4ª divisão, com 68 clubes, cada um vai ganhar R$ 120 mil, enquanto na 3ª divisão, com 20 clubes, cada um vai ganhar R$ 200 mil. Apenas um aporte para cada, em vez de três meses, o período mínimo solicitado pelas equipes. No futebol feminino, as ajudas são de R$ 120 mil (A1) e R$ 50 mil (A2). Ainda houve o repasse às 27 federações estaduais, com R$ 120 mil para cada. Confira aqui.


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